terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Show: METALLICA – 30/01/2010 – Estádio do Morumbi-SP

Eu vi o melhor show de Metal do mundo (quase) da grade!

“I’m feeling, São Paulo”, disse James Hetfield ao fim de “For Whom The Bell Tolls”. “We just played two songs and I’m already smiling.” Se ele, que faz isso há quase 30 anos já estava assim, imaginem como eu, lá na Pista VIP, a cerca de 15 metros dele, estava nesse momento, após ouvir o clássico matador do disco “Ride The Lightning”. O que vou relatar nesta resenha extrapola qualquer barreira do Jornalismo em si, caindo escancaradamente para um relato puro e apaixonado de um fã que teve uma oportunidade única na vida. Portanto, se você não é fã do Metallica, ou não foi no show, pode até achar o que está escrito aqui exagerado e bobo, mas tenho absoluta certeza que, quem esteve lá no Morumbi dia 30 de janeiro, não vai discordar um milímetro sequer desta “resenha”.

Minha mulher até disse durante a semana que antecedeu o evento que eu estava parecendo uma criança, tamanha ansiedade que estava. E estava mesmo! Não era pra menos, afinal, o Metallica é a banda que eu mais gosto e, até então, só tinha ido naquele show de 1999, no Anhembi, que teve uma produção tosca (se é que dá pra falar que teve alguma produção). Não bastasse isso, a banda ainda estava na pior fase criativa da carreira, após o lançamento do “Garage Inc.”, disco de covers que sucedeu os famigerados “Load/Re-Load”. O que vi lá não foi, de fato, impactante, não tinha “sangue-no-zóio” e não me fez querer ter uma banda de rock! Vi uma banda fria, sem punch, sem feeling, apenas “cumprindo a agenda”. Além disso, na época eu tinha 15 anos e ainda não sabia como aproveitar de fato um show. Mesmo assim, fã é um ser idiota e não deixa de gostar da banda. A paixão dele por ela apenas adormece. Bastou o anúncio dos shows no Brasil, no fim do ano passado, pra essa chama reacender a ponto de provocar um incêndio de proporções romanas!

Claro que eu compraria ingresso pra Pista VIP! Não sou a favor de ver minha banda favorita de longe! Eu compro todos os DVDs deles e assisto infinitas vezes! Não iria ficar vendo de longe! Já basta abrir mão da “briga pra chegar na grade” em shows de outras bandas que não sou tão fã (rs)! Os 300 mangos negativos na minha conta nunca tiveram cada centavo tão bem gasto como nesse show do dia 30!

O Sepultura abriu a noite, às 20h, ainda com sol na cabeça! É inegável a força que a banda ainda tem! Porém, quando apresentaram as músicas do mais recente disco, “A-Lex”, ficava claro que a galera apenas demonstrava respeito e não empolgação por tê-los abrindo a noite. É. Eu ainda sou um órfão do Max Cavalera. De qualquer forma foi muito bom “aquecer” ouvindo sons como “Dead Embryonic Cells”, “Arise” e “Inner Self”. Fato negativo foi apenas o volume baixíssimo que tocaram, o que permitia todos conversarem sem maiores esforços na platéia. Cheguei até pensar que estava acontecendo outro boicote, como em 1999, mas não. Aquilo é o volume de uma banda de abertura mesmo.

Em seguida, os roadies do Metallica começaram os ajustes e, pra minha felicidade, ao primeiro acorde que um deles deu na guitarra do Hetfield, já pensei, “Puta merda, vou sair daqui com meus ouvindo zumbindo”, tamanho volume e pressão sonora que um simples “mizão” da ESP Custom dele dava! Nisso, a acalorada tarde já havia dado lugar a uma noite maravilhosa, de céu limpo, com uma Lua cheia reluzente. Até parar de chover na Capital o Metallica fez nesse dia!

Às 21h30, pontualmente, os refletores do estádio apagaram e os primeiros acordes da “Ecstasy of Gold” soaram nos PÁS, acompanhado de cenas do filme “The Good The Bad & The Ugly” nos telões laterais. Meu coração quase explodiu meu peito essa hora! Totalmente desaconselhada para cardíacos essa introdução! Ao fim dela, Lars entra tomando seu Gatorade no copinho e bate quatro vezes no “China”: “Creeping Death”(Nota do R.: estou arrepiado neste momento em que estou escrevendo isso, só de lembrar disso)!

Pouco antes de começar a cantar, James levanta os dois braços e solta um grito fora do microfone. Estava iniciado o ritual de dominação! Inesquecível também o grito de “São Paulo” no fim da música, assim como ele grita o nome de todas as cidades! Acho que não há outro começo de show tão épico e empolgante quanto esse com “Creeping Death”! Depois disso, sem qualquer demora, Robert Trujillo sobe na plataforma atrás da bateria e começa a bater em seu baixo, já com a distorção no talo, anunciando “For Whom The Bell Tolls”. A essa altura eu já estava brigando com meu corpo para manter meus batimentos cardíacos abaixo de 160 BPM e fazer minhas cordas vocais não se desgastarem! Afinal, ainda tinha muito, mas muito mais Metallica por vir!

Após falar de “paixão por tocar para fãs apaixonados”, Hetfield anuncia a primeira surpresa da noite: “The Four Horsemen”. A essa altura, todo mundo já sabe que o Metallica tem algumas músicas que são fixas no set list, alterando apenas algumas a cada show. “Horsemen” foi tocada de maneira mais lenta, quase na velocidade do disco. Isso pareceu dar mais peso, sem contar que ficou muito mais “gostosa de cantar junto”. A próxima surpresa foi a pesada “Harvester of Sorrow”, do “...And Justice For All”. O groove desse som é coisa de louco e aquela parte antes da última estrofe, em que a música pára e James encara todos antes de retomara a música “no grito”, faz praticamente todos ficarem em silêncio no estádio! Acho que todo mundo gosta dessa parte (rs).

Quando colocaram um violão na plataforma acima da bateria, achei que tocariam “The Unforgiven”, mas, para minha surpresa (mais uma!), James começou “Fade To Black”, minha favorita. Foi difícil não ir às lágrimas no solo do final, cantando “uoô” junto com as guitarras, mas resisti bravamente, apesar de estar com os olhos cheios neste momento ao lembrar disso!

Aqui cabe um parêntese: o Metallica está tocando melhor que nunca! Lars pode estar com uma cara de velho bêbado e acabado, cheio de rugas, mas não perde um tempo e bate forte como poucos em seu kit. Kirk, que tinha fama de ser “grosso” ao vivo, por sempre comer notas nos solos, calou a boca de todos com uma execução perfeita, tranqüila, cheia de feeling e, principalmente, sem nenhum erro, tanto de nota ou de perda de tempo, nos solos e bases. Trujillo sempre foi um baixista fodasso e, só consigo destacar o peso absurdo que seu timbre dá a cada dedada que ele desce sem dó nas cordas. E James, como comentou um cara do meu lado, faz parecer fácil cantar com uma voz potente, limpa e clara, e tocar palhetando sempre baixo numa velocidade absurda! Sem contar que ele ainda consegue conversar com a platéia enquanto faz isso. É realmente para poucos...

Aí chegou a hora da “Sessão Death Magnetic”. “That Was Just Your Life”, “The End Of The Line” e “The Day That Never Comes” foram tocadas em seqüência e a impressão que ficou é que esses sons foram compostos para tocar ao vivo mesmo, já que têm uma força descomunal que o disco de estúdio não consegue atingir. A próxima foi a “necessária” “Sad But True”. Necessária, porque, apesar de já estarmos todos enjoados de ouvir ela por aí, ela tem que estar em qualquer show do Metallica, tamanha a força que carrega em seus poderosos riffs. Sem contar que a pose de fodão do James Hetfield com a ESP Explorer preta e pernas abertas batendo cabeça durante essa música foi a imagem que mais me marcou no show! Aquilo sim que é a personificação do Metal!

“Broken, Beat and Scarred”, dedicada ao público, deu seqüência ao massacre. Os backing vocals “What don’t kill ya make you more strong” muito fodões e esse som mostrou que o Death Magnetic é de fato um disco para tocar ao vivo!

Então tudo se apagou...

Me senti no meio de um filme de guerra em 3D! A pirotecnia utilizada para anteceder “One” é coisa que fazer inveja a qualquer baloeiro de São Paulo ou à comemoração de uma Copa do Mundo! E dá-lhe labaredas de 10 metros de altura que fazia gente lá no fim da pista se “arrepiar ao sentir o calor”. Fora as bombas que estouram cruzando o palco com um estampido ensurdecedor! O que foi aquilo?!?! A música em si só não ficou em segundo plano, porque, como todo mundo sabe, ela é fodona!

O que pode-se dizer de uma banda que pode emendar uma música chamada “Master of Puppets” em outra chamada “One”?!?! Você mal acaba de ter um orgasmo e lá vem mais prazer infinito de novo! Você não respira! Nem percebe que já passou uma hora de show! E que coisa linda aquele solo dobrado no interlúdio! Só não chorei porque eu tava lá dando uma de fodão mesmo (rs)!

Mais uma surpresa: “Blackened”! Cada vez que Hetfield gritava “Fire” no refrão, quatro labaredas de 10 metros de altura subiam aos céus nos esquentando. O cara, além de tudo, é o “Deus do Fogo”! Imagina o poder que ele deve sentir ao hipnotizar 68 mil pessoas em um estádio com sua música e ainda ter labaredas de 10 metros de altura crescendo a cada comando seu! Não é mesmo pra qualquer um...

Depois da cacetada vem a calmaria. James pede que mandemos nossos bons fluidos para Kirk, que, em vez daquele solo estridente, nos premia com um dedilhado lindo, devidamente acompanhado por palminhas! Não há como não se impressionar com a qualidade do som limpo das guitarras deles. Até quem não toca nenhum instrumento podia distinguir tranquilamente a vibração de cada corda da guitarra do maquiado Hammett (sim, isso mesmo, ele passa lápis no olho. Mania dos tempos do “Load”).

De um “solo” com guitarra limpa fomos para “Nothing Else Matters”, com direito a James cantar sentado numa banqueta. Legal que ele faz a platéia participar em quase todos os refrãos da canção e, quando não faz, pude reparar que ele troca a frase de “and nothing else...” para “no, nothing else matters”. Interessante! No fim da música, após fazer seu solo inundado de feeling, James se ajoelhou no palco, de costas, para iniciar a próxima música. Nesse momento, ao perceber que o cameraman filmava sua mão direita, ele fez uma brincadeira com a palheta (personalizada com o caixão da capa do disco), quebrando todo o clima soturno criado pela balada.



Foi o que precisava para incendiar novamente a platéia para o maior sucesso do grupo, “Enter Sandman”, com direito a fogos de artifício e tudo mais que temos direito!

Chegou a hora do intervalo para o “bis”. Achei que iríamos ficar uns 5 minutos esperando, mas em pouco mais de 2 minutos, eis que eles voltam pulando feito crianças no palco! James avisa que nessa hora eles sempre homenageiam uma banda que os inspirou e que o escolhido naquela noite era o Queen. E dá-lhe a pesada versão de “Stone Cold Crazy”. Cabe ressaltar que James, de um adolescente tímido e inseguro, se tornou num dos frontmen mais comunicativos do mundo! Ele já tinha carisma só de empunhar a guitarra. Falastrão desse jeito então...

Surpresa master da noite: “Motorbreath”! Quando Kirk começou o riff cavalgado, foi difícil conter a emoção de ouvir uma das primeiras músicas Thrash Metal da história! E Lars, mesmo depois de ter tocado por, até então, duas horas, ainda acelerou o final, chegando na velocidade de um som do Slayer! Imaginem isso, caros leitores! Quer mais “sangue-no-zóio” que isso? Ah, você quer? Ok. Então toma: as três palavras mais esperadas da noite foram entoadas:

SEEK AND DESTROY!!!

Com afinação mais baixa e com James comendo (propositalmente) uma parte do riff do início, o show não teria música mais apropriada para encerrar. Oh riff desgracento esse! Não houve como ficar parado na pista. Uns pulavam, outros abriam circle pits, outros berravam! E eu fiquei lá, com cara de pasmo, quando não acreditando que tava vendo aquilo acontecer, bem de perto! Foi, de longe, o melhor show que já assisti na vida! E tá bem longe mesmo do segundo melhor!

O telão gigante que fica atrás do palco é o melhor cenário que uma banda pode ter! Até quem sentou lá na arquibancada, lá longe, na PQP mesmo, viu com detalhes esse show! Até as rugas/cicatrizes causadas pelas queimaduras nas mãos do James em 1992 deu pra ver com detalhes! E os câmeras que ficam lá no meio do palco, não atrapalham nada! Você mal nota os indivíduos! Talvez seja até pela atração magnética dos membros da banda, mas a verdade é que eles sabem filmar o show da melhor maneira possível! Eu até me vi no telão quando um deles focou a platéia! Que orgulho! hehe

Pra finalizar, achei duas frases interessantes que poderiam resumir tudo que escrevi aqui:

“Metallica é Metallica! O resto é resto.” (frase vista no meu MSN no dia seguinte ao show)

“Metallica é bom demais, porque é feito para o moleque espinhudo, inseguro e rancoroso que existe dentro de todos nós.” (André Forastieri, jornalista)

Precisa falar mais alguma coisa? Meus ouvidos ficaram zumbindo até segunda-feira! Que delícia!

Set list:
Creeping Death
For Whom The Bell Tolls
The Four Horsemen
Harvester Of Sorrow
Fade To Black
That Was Just Your Life
The End Of The Line
The Day That Never Comes
Sad But True
Broken, Beat and Scarred
One
Master Of Puppets
Blackened
Nothing Else Matters
Enter Sandman
- - - - - - - -
Stone Cold Crazy
Motorbreath
Seek and Destroy

Galeria de Fotos - cortesia do site Metal Remains

Fotos da matéria: William Bastos (clique nas fotos para abrí-las na resolução original)

4 comentários:

  1. belo post fi!

    infelizmente pra min não pude ir por questões de dinheiro, mas espero que os caras voltem e eu tenha minha chance de velos!


    a paz

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  2. O show deve ser muito loco,mas
    não consigo gostar de metallica.o son deles numca me agradou.

    E PUTA POSTA LOCO!!!!

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  3. Porraaaa Leoo...
    q belo post veiuuu...
    deve ter sido animal mesmoooo...
    tbm queria ter ido, mass.....rs

    Parabensss

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  4. eu estava com vc redator no segundo melhor!
    concordo CATEGORICAMENTE com cada palavra!
    DIVINAMENTE PERFEITO!
    MAGRÃO!

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