domingo, 14 de junho de 2009

EXCLUSIVO: EDU FALASCHI


“O ANGRA LANÇA CD NOVO EM 2010”

Usando uma camisa do último disco do Sepultura, A-Lex, Edu Falaschi, renomado vocalista da banda de Metal Melódico ANGRA, nos atendeu no Frans Café para uma entrevista exclusiva, logo após a divulgação do resultado das bandas finalistas do 6º Festival de Rock de Indaiatuba. Resultado este que teve dedo do próprio vocalista, atuando como jurado nas eliminatórias. Muito solícito, simpático e atencioso, ele nos falou sobre a volta do Angra (que esteve parado por dois anos devido a problemas internos e empresariais), de sua banda-solo Almah (pronuncia-se “almá”, como ele mesmo explicou), que continua com pé no acelerador, já preparando disco novo, e também do Festival local. Entre as respostas, ele deixou escapar também o provável motivo da saída do baterista Aquiles Priester do Angra. “Ele saiu porque tinha que sair. Acho que o peso da fama mudou a cabeça dele”, disse enfático! Segue o resultado do papo.

IRZ: Como foi voltar com o Angra após um hiato de quase dois anos? Você chegou a pensar que a banda acabaria?

Edu Falaschi: Não foi fácil! Quando demos a parada não achamos que demoraria tanto tempo assim, mas as coisas foram se arrastando e ficamos esse tempo todo sem tocar. Tanto que quando voltamos, quisemos, de cara, voltar aos palcos e fazer uma tour, ao invés de entrar direto em estúdio, pois isso levaria mais tempo ainda.

IRZ: Falando desta tour de volta, como está a receptividade da galera, já que vocês estão dividindo o palco com o Sepultura e os estilos são bem diferentes?

Edu Falaschi: Tem rolado uma união incrível entre os públicos e não tivemos nenhum incidente, tanto que já nos organizamos para levar a tour para a Europa e Japão. Nem parece que ficamos tanto tempo parados, pois nosso público tem nos recebido de forma fantástica. Antes do início da tour com o Sepultura, fizemos um show só do Angra, em Fortaleza, e tivemos um público incrível de três mil pessoas!

IRZ: E quais os planos para o Angra após este giro com o Sepultura?

Edu Falaschi: Devemos entrar em estúdio no fim do ano para lançar o novo disco em 2010.

IRZ: Com a volta do Angra, como ficará sua outra banda, o Almah?

Edu Falaschi:
O Almah seguirá normalmente. Já estamos inclusive compondo o próximo disco da banda, que deve sair no fim deste ano. Não há problemas de conflito de agendas, pois a mesma pessoa que agencia os shows do Angra, que é de fato minha prioridade, cuida dos shows do Almah.

IRZ: Como o Almah tem sido recebido pelo público em geral?

Edu Falaschi:
Estamos indo bem, inclusive no Japão, onde conseguimos vender quase dez mil discos, fato muito difícil hoje em dia, devido aos downloads que rolam na internet!

IRZ: Voltando o assunto para o Festival de Rock de Indaiatuba, o que você acha de um evento como este e o que você tem a dizer sobre as bandas classificadas?

Edu Falaschi:
Acho que todas as cidades deveriam ter um festival organizado como este. Já acompanhei vários outros festivais, não como jurado com estou aqui hoje, e a Secult está de parabéns pelo trabalho feito aqui. Deveríamos ter um desses em cada cidade do Brasil para dar oportunidades para mais e mais bandas surgirem por aí. Tem que ter mais, sempre! Quanto ao resultado, foi perfeito, pois foram para a final as melhores bandas dentro de cada estilo apresentado.

IRZ: Qual é sua dica para as bandas iniciantes/amadoras que participam desse tipo de festival?

Edu Falaschi:
Percebo uma coisa que não me agrada muito: poucas bandas têm ou buscam um estilo próprio. A maior parte delas fica sempre querendo imitar seus ídolos e eu não acho que o negócio seja por aí.

IRZ: Mas, Edu, o primeiro disco do Angra pode ser comparado com trabalhos de bandas como Helloween e Gamma Ray. Não seria uma necessidade das bandas iniciantes “imitarem” seus ídolos?

Edu Falaschi:
De fato há esta necessidade, mas mesmo no primeiro disco do Angra há algo, ainda que bem pequeno, de música brasileira, que é uma das características da banda. Eu quis dizer que você tem que ter suas influências, mas deve procurar encontrar seu próprio estilo, sem tentar imitar seus ídolos. Sempre quando o Angra compõe temos três focos: a música clássica, o heavy metal e a música brasileira. Deste modo encontramos nosso próprio estilo.

IRZ: O que você tem a dizer sobre músicos que estudam bastante para ter bandas? Não seria um paradoxo visto que temos inúmeros artistas fantásticos autodidatas como Jimi Hendrix, por exemplo?

Edu Falaschi:
Estudar é sempre bom, mas o músico tem que ter aquela coisa natural, o próprio carisma, e isso não é algo que vem com estudo. Conheço pessoas que se matam de estudar música, mas nunca serão bons de fato. Elas podem até saber tocar, mas não terão a capacidade de encantar multidões. O Kurt Cobain, do Nirvana, é um ótimo exemplo disso, pois mesmo sendo um músico limitado, seu carisma, suas composições e seu estilo bem loucão fizeram história no rock.

IRZ: Obrigado pelo tempo e pelas palavras ao Indaiá Rock Zine.

Edu Falaschi:
Eu que agradeço. É sempre um prazer estar aqui em Indaiatuba! Nos vemos na final!

Crédito da foto: Adriano Ferreira (Anistie)

quinta-feira, 11 de junho de 2009

ENTREVISTA: HUNGER


Back From The Dead!

Eles começaram em 2002, quando a cena Metal de Indaiatuba passava por um período de seca, e chegaram ao topo com participação em coletâneas, aberturas de show para bandas de renome do cenário nacional, prêmios em festivais e o com a preferência de 9 a cada 10 headbangers da cidade, sempre primando pela técnica apurada de seus integrantes e pela musicalidade diversificada que unia Thrash Metal com influencias progressivas. Mas no fim de 2007, a banda que parecia que decolaria, se separou e seus integrantes foram tocar seus projetos pessoais! Neste hiato, Mauro Izalbert, o incansável e abnegado vocalista/guitarrista conheceu o mainstream tocando com o Medo da Noite e como sideman de Wanderley Cardoso. Depois de quase 2 anos no “outro mundo” eis que eles voltam com tudo, com novos integrantes, deixando todos de boca aberta em sua primeira apresentação na cidade depois da volta, no badalado Festival de Rock e com o single “Demons in White” no MySpace da banda, com a participação do mais que conhecido Fernandão (Treta, Endrah, Pavilhão 9, Rodox e outros) na bateria. É sobre isso e muito mais que Mauro conta ao zine com exclusividade. Hunger is back!

Vocês passaram quase 2 anos sem tocar, devido sua ida ao Medo da Noite. Como e quando foi que bateu na cabeça que o Hunger deveria voltar?

Bom, nunca pensei em parar o Hunger. Pouco antes de “terminar” a banda , eu disse aos antigos integrantes que queria dar um tempo, pra poder trabalhar e realizar algumas coisas pessoais, enfim, pra poder ganhar dinheiro mesmo e que depois que eu estivesse estabilizado, poderíamos voltar com a banda. Até tentei a volta com os caras, mas entre tentativas e tentativas, resolveram que não havia “clima” pra tocar comigo.

Como foi achar novos integrantes?

Realmente muito difícil. Como já disse, tentei voltar com os antigos integrantes, mas não rolou por parte dos caras, então fui em busca de uma banda e por um acaso um dia estava ajudando uma outra banda no (Studio) HP Records e conversando com Aldo (produtor e dono do estúdio), vi que era possível gravar um single com participação do Fernando Schaefer. E pensei que feito isso, seria fácil arrumar integrantes. Nesse meio tempo consegui o guitarrista, Michel Pereira (guitarra), que já acompanhava e curtia a banda e também tinha sido meu aluno de guitarra e o Tiago Palmeiras (baixo) também tinha aceitado voltar pra banda, mas no meio da empreitada ele resolveu sair. Então durante todo o processo da gravação de “Demons in White”, o Hunger contava com Michel e eu. Procurar por baterista já era difícil e ainda íamos ter que achar um outro baixista, mas pesquisei e pesquisei pela internet e me arrisquei a convidar um baterista que fazia tópicos escrevendo de maneira entusiasmada e realmente demonstrando muita vontade. O nome dele é Israel Santana! Mandei o convite junto com uma prévia instrumental da “Demons in White” e ele me mandou um recado de volta dizendo que não acreditava que a música era nossa! Depois de umas conversas ele aceitou fazer um teste e pronto! Ele não precisou tocar mais que uma música pra ser “aprovado”. Só faltava um baixista e, depois de muita, mais muita procura, o Abner Rodrigues foi convidado e aceitou e, enfim, conseguimos montar a banda. Tanto o processo de gravação, como de formação da banda demorou uns 4 meses e, depois de tanta confusão, de tanta coisa, o resultado disso tudo supera o esperado, pois temos hoje uma banda unida, forte, num clima tão gostoso de se trabalhar com nunca.

E o estilo? A música “Demons in White”, disponível no MySpace descreve bem este novo Hunger ou haverá ainda mais surpresas?

Com certeza haverá surpresas. Não conseguimos mais nos limitar, queremos ir longe e pra isso temos que ser ousados. Vão surgir coisas novas e diferentes, como vocais limpos, talvez mais orquestração! Enfim, nossa busca pela originalidade é o principal.

Por que o uso de violino e cello na música? Fale um pouco mais dela.

Isso é uma coisa que tenho comigo desde muito cedo. Sempre fui fascinado pelo som do cello e era um sonho ter isso em uma música minha, ao contrário de que acham que sou fanático por Apocalyptica (rs). E o fato dessa escolha também remete ao clima que queria gerar na música, que critica as formas com que a igreja e a fé cega contaminaram a humanidade e contaminam até hoje.

E quanto às afinações? Fiquei sabendo que vocês usaram pelo menos duas guitarras na apresentação do Festival de Rock...

Bom, hoje em dia usamos duas afinações: Db e Drop B. Depois de algumas aulas de voz e de experimentar zilhões de afinaçoes no meu “estúdio” caseiro, optei por essas duas afinações que além de dar o peso que queremos ainda me permite trabalhar melhor a voz.

O que você acha do festival este ano? Gostou da escolha para o show de encerramento?

Achei que o festival voltou com força total, porque realmente o de 2007 e 2008 deixaram muito a desejar na minha opinião. A escolha do local (Tom da Terra) foi ótima porque poucas bandas tem chance de tocar num local assim com numa aparelhagem dessas e a escolha dos jurados também foi muito boa, porque os três realmente estão ou estiveram envolvidos com rock e metal de maneira musical, não só de opinião. Quanto à escolha de Paulo Miklos para encerramento, achei um pouco equivocada, não por caráter musical, mas por eu achar que num festival esperado por todos o ano inteiro, o artista pra fechar deveria ser um ídolo de massa tocando músicas conhecidas. Adoro o trabalho dele, mas confesso que conheço pouquíssimo sobre sua carreira solo; acho que o Titãs seria uma opção que agradaria a gregos e troianos.

Quais os planos pra banda? Vão gravar mais músicas em breve? Muitos shows por vir?

Bom, temos um clipe que está pra ser finalizado. Já gravamos a parte “banda” e agora falta finalizar algumas cenas com atores. Esperamos que até o comecinho de julho esteja pronto. Sobre gravar mais músicas ainda estamos em dúvida, porque temos alguns contatos e provavelmente nosso “debut album” sairá em 2010, então ainda temos muita coisa incerta sobre material novo. E os shows a gente tá pegando leve, já que é a volta da banda e tudo mais, estamos pegando o ritmo lentamente, mas temos algumas coisas legais por vir, no final de junho vamos tocar num concurso pra abrir o show do sepultura/angra. Também fomos convidados pra tocar no Hangar 110 em São Paulo com algumas bandas da Argentina (N. do E.: Ban This e Jesusmartyr), e mais alguns outros ainda! Não tem nada concreto. Ainda estamos numa fase meio “bagunça” na agenda.

O que você acha da atual cena de Indaiatuba, independentemente do estilo de rock?

Acho a cena forte, tem banda pra caralho e o que acho mais louco é que todas são realmente de qualidade, claro que cada uma dentro do seu estilo. A cena hardcore/metalcore está bem unida e acho isso foda pra caralho! São coisas que eu realmente invejo dentro do metal, já que as bandas de metal de Indaiatuba não são NADA unidas.

O que você tem a dizer sobre sua experiência como sideman do Wanderley Cardoso? O que aprendeu nesta empreitada?

Cara, realmente foi uma parada estranha na minha vida. Nunca me imaginei nessa posição e posso dizer que aprendi muita coisa, tanto o que devo fazer quanto o que não devo. Musicalmente, aprendi o quão você tem que estar preparado, porque quando alguém tá colocando dinheiro, as cobranças mudam, e muito, de figura. Aprendi como é importante ficar horas passando o som antes de tocar (rs) e aprendi a admirar muito o Wanderley Cardoso, que além de ter uma voz forte e muito técnica é uma pessoa de bom coração.

Como é o mundo do mainstream? O que exatamente te “trouxe de volta” ao underground?

Há muita coisa “glamorosa” e outras nem tanto. É muito legal poder ser bancado, viajar de avião, ficar em bons hotéis, tocar com som decente, conhecer lugares novos e tals, mas ao mesmo tempo você vê muita coisa que não condiz com seus valores, com seus ideais. Quando a beleza mostra sua cara feia, você começa a dar valor às coisas que você sequer prestava atenção antes. O que me fez voltar com o Hunger não foi isso, nem nada. A idéia já estava na minha cabeça desde sempre, alguns fatores só vieram apressar isso.

O que é mais importante na vida?

Com certeza o amor e a paz que isso traz. Corri tanto atrás de tanta coisa, mas na verdade tudo que eu precisava sempre esteve do meu lado. Muitos amigos se foram, muitos chegaram e vi que não vale à pena abrir mão das coisas que te fazem bem por nada.

Algum recado final?

Quero agradecer ao apoio de vocês do Zine, isso é uma baita iniciativa, quero mandar um muito obrigado às pessoas que torcem contra e à favor, todas ajudam de certa forma.

Live at Indaialands

Tolerância Zero – Sloven – É-Pow – Edhera
05/06/09 – Pirata’s Bar

Foda! Está é a palavra perfeita pra definir este evento, organizado pelos caras do T-Zero no começo do mês! Normalmente ninguém bota uma fé em um showzinho de sexta-feira, cobrando entrada (R$ 3 homens e mulheres free), no bar do Teteu. Mas este surpreendeu!

Não é de se duvidar da moral que o T-Zero ainda possui na cidade, mas ultimamente, o crescimento da cena local e o consequente aumento do número de shows têm deixado os eventos da cidade miados. Mesmo assim, vimos o Pirata’s inchado, com galera de todas as tribos: desde os bangers que badalam por lá todos os dias, até “dinossauros” da cena indaiatubana que há muito não eram vistos vendo shows. Isso tudo passando pelas tribos emo, new metal, motoqueiros, hardcore, “galera nada-a-ver”, pinguços, nóias etc.

A parada começou com a galera do Edhera, mandando seu new metal com toques de metalcore e rap. Apesar da gritaria e do alto volume, a galera não deu muita bola pro show e preferiu ficar bebendo e conversando pelo bar.

Depois foi a vez do Sloven, banda de Sorocaba, do Rafael, da Muraro Instrumentos Musicais. Com pinta de veteranos, um baixista que lembrava um tiozão motoqueiro e um vocal berrador-macho eles mostraram muita coesão no seu groove metal, puxando bastante pro new. Banda bem ensaiada, mas, como de costume com estreantes, todos se limitaram a ficar olhando batendo o pé no chão.

O É-Pow foi a maior surpresa da noite! De repente estou eu mijando e começo a ouvir um Rancid! “Mas que porra é essa! Que banda aqui tira Rancid!?!” E não é que os caras estavam mandando um! Voltei correndo pra ver e fui brindado com outro cover da banda californiana! Nisso eu olho pro lado e já juntou uma galera pra ver e dançar (sim, isso mesmo, dançar) ao ska-punk que eles mandavam! Muito legal! Aí, para relembrar os Anos 90, quando todo mundo ouvia Green Day e Offspring escondido e dizia na rua que odiava, eles mandaram um Sublime, mais Rancid e, pra alegria geral da nação, Offspring! Também rolou um Raimundos, fazendo a dança ska abrir um mosh! Muito legal 2!

Há quem diga que cover enche o saco e blá-blá-blá, mas àquela hora, normalmente esperando bandas que só tocam som próprio com gritaria, foi uma delícia lembrar da adolescência e se divertir com os sons inocentes que nos levou a ouvir rock!

Depois de uma bela tesourada e de uma bem sucedida estréia, a galera do É-Pow deu lugar ao T-Zero!

Depois de shows fracos no Plebe, com o vocalista Campa bebendo além da conta e com os integrantes até brigando entre si em público, para o bem do Rock nacional, eles se acertaram! E como se acertaram! Foi o melhor show deles aqui em pelo menos uns 5 anos! A abertura com “Quem é normal” é simplesmente um convite à brutalidade! De longe foi o show que mais atraiu a galera na noite! Sem contar os sons novos, que estão muito foda! Confiram no MySpace dos caras! Pena que durou pouco mais de 25 minutos! Que venham mais eventos como esse!

Clássico: Master of Puppets (Metallica)

1985. O Edna Express cruzava os Estados Unidos em uma das pernas da turnê Ride The Lightning do então “Alcoholica”. Nesse período, entre os meses de setembro e dezembro, James Hetfield, Kirk Hammett, Cliff Burton e Lars Ulrich compuseram o que seria então seu primeiro álbum com total respaldo da Elektra, sua gravadora. Os primeiros temas finalizados foram Battery, Welcome Home (Sanitarium) e a instrumental Orion. Nas demos dava para perceber que o até então robusto thrash metal havia dado lugar a composições mais melodiosas e arranjadas, ainda que o peso característico permanecesse. Como fizeram no álbum anterior, foram gravar na Dinamarca, com o produtor Flemming Rasmussen. O resultado da empreitada foi o fenomenal Master of Puppets, considerado por muitos o melhor disco de thrash metal da história, ao lado de Reign in Blood, do Slayer.

Lançado em 3 de março de 1986, Puppets abria com Battery, um míssel thrash iniciado com um dedilhado em violão clássico, algo que virou tradição nas banda do estilo. A batida rápida e quebrada, além das palhetadas cavalgadas executadas na velocidade da luz, certamente acalmaram os fãs que esperavam uma “amansada” no som do quarteto. A faixa seguinte, que deu o título ao álbum, é um épico de oito minutos. Desde sua introdução, com palhetadas que sequer eram imaginadas possíveis até então, passando por seu grandioso refrão, “Apenas grite meu nome, pois vou ouvir você suplicar: Mestre! Mestre!”, depois pelo interlúdio com solos dobrados ao melhor estilo Iron Maiden, culminando na explosão do final da música, que descreve o pesadelo da dominação exercida pelos traficantes sobre os usuários de drogas, Master of Puppets, a música, é perfeita. Os vocais de Hetfield transbordavam de energia. Qualquer um que ouvisse ficava empolgado! Nem precisava gostar de Metallica!

The Thing That Should Not Be trazia na seqüência o primeiro flerte da banda com as afinações baixas que saturariam em St. Anger. A balada (praticamente obrigatória em discos oitentistas de metal) escolhida foi Welcome Home (Sanitarium). Como de costume, Hetfield arregaçava fazendo os dedilhados mais legais do metal e Kirk os solos mais inspirados. O lado B (do vinil) abria com Disposable Heroes, outro míssil thrash de oito minutos, com palhetadas incríveis e refrão pegajoso. Em seguida vem a cadenciada Leper Messiah, talvez a única música que comece com a contagem 1, 2, 3, 4, “5” da história.

A próxima música do play era a instrumental Orion. Como o Metallica estava inspirado nesse som! Principalmente Cliff Burton e James Hetfield. Os solos e as linhas de baixo mostram a incrível falta que Burton faz nos dias de hoje, onde os baixistas se limitam a acompanhar as levadas de bumbo duplo. Já Hetfield fez um solo com marcação de valsa, que é o sonho de qualquer banda de metal melódico. Pra encerrar, outra cacetada: Damage, Inc. O início com outro solo de Cliff Burton é marcante. Os riffs que entram em seguida parecem a trilha sonora do martelo da capa do Kill ‘Em All. Magistral!

Não é a toa que o álbum teve seu vigésimo aniversário homenageado pela revista Kerang em 2006, com o lançamento de sua versão remasterizada com os oito clássicos executados por emergentes bandas do metal atual, como Trivium e Mastodon. É isso! Se Hetfield e cia. conseguirem lançar outro álbum no mesmo patamar, pode ter certeza que será o melhor disco de metal de todos os tempos. Por enquanto, o melhor é este aqui.