sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Ghost, uma moda passageira? (por Wellington Pena)

Pela primeira vez vou abrir espaço para uma colaboração externa aqui no blog! Isso nunca foi fechado e todos são livres pra me enviar textos sobre Rock e, principalmente, sobre o Rock Indaiatubano! Mas tem que ter o mínimo de noção, hein?! Sem ataques pessoais e a outros estilos, porque o bang aqui é humilde, mas é sério (rs)! Com vocês, Wellington Pena, o famoso "Peninha":

Ultimamente, milhares de bandas surgem no mundo musical. Existem bandas que conseguem seu espaço e tem outras que morrem antes mesmo de sair do papel! Mas o que dizer de uma banda que logo no seu primeiro álbum já cativou boa parte dos músicos do primeiro escalão do Metal e tem tocado nos maiores festivais do mundo?

Estamos falando do fenômeno Ghost, banda de origem sueca que, depois do lançamento do álbum "Opus Eponymous", em janeiro de 2011, só tem viso seu nome e reputação crescerem em um ritmo intenso! 

Ninguém sabe ao certo quem são os músicos que formam o conjunto. Existem boatos que o vocal, Papa Emeritus, é, na verdade, Tobias Forge, ex-Crashdïet (banda de Hard Rock) e atual Repugnant (horda de Death Metal “old skull”). Os outros músicos, simplesmente chamados de “Nameless Ghouls”, diz-se por aí, são ex-membros do Candlemass e de outras bandas, mas nada foi confirmado até o momento.

O visual da banda é um dos fatores que elevam a banda: os músicos só aparecem em público com maquiagem pesada e figurinos diferenciados. Os instrumentistas usam roupas de monges que cobrem até o rosto e o vocal, mais provocante, traja a roupa do mais alto posto da igreja católica, se caracterizando automaticamente como um “papa satânico”.

E o que dizer do álbum “Opus Eponymous”? Se você espera uma banda de Black Metal suja e crua pode tirar o cavalinho da chuva, pois o que se ouve aqui é um Heavy/Doom muito simples e limpo, que lembra muito Blue Öyster Cult e Mercyful Fate. O vocal não grita e não distorce a voz, simplesmente cantando de forma muito limpa. Os guitarristas despejam riffs e solos no maior estilo Cult. Já o tecladista é um dos principais instrumentistas, moldando um clima satiricamente religioso, bem no estilo do Enigma. As letras são muito bem elaboradas e totalmente satânicas, justificando o status de “sinistra” ao Ghost.

Apenas com nove faixas e 35 minutos de duração, o disco move contra a agressividade e rapidez que muitas bandas prezam hoje em dia, mas traz ao mesmo tempo uma sonoridade muito rica em técnicas instrumentais e vocais. Começando com uma introdução bem “missa”, a primeira faixa, “Deus Culpa”, já deixa você instigado ao que vai vir pela frente. Logo no começo da segunda faixa, “Con Clavi Con Dio”, você já percebe que se trata de uma banda satânica, pois ela simplesmente começa com um “LUCIFERRRRR”. O final desse som deixa um ar bem mórbido ao vivo. Depois passamos pelo hit, “Ritual”, seguida da ótima “Elizabeth” (que tem uma pegada mais pesada). Destaque para a faixa “Death Knell”, com uma introdução bem ao estilo Castlevania (N. do E.: sim, o jogo de vídeo game!), com chuva de fundo, seguido de uma bateria simples, um riff  bem elaborado e uma letra sensacional (uma das melhores letras de músicas que já vi em minha vida). O play fecha com a fantástica faixa instrumental “Genesis”, perfeita.

Assim que o álbum foi lançado, a revista sueca “Sweden Rock Magazine” o elegeu como um dos melhores da década, ao lado de plays de nomes consagrados, como Iron Maiden, por exemplo. Muitos músicos de renome têm sido hipnotizados pela “onda Ghost”, como Phil Anselmo, James Hetfield, Duff McKagan e Tomi Joutsen (vocal do Amorphis).
 
Como explicar esse fenômeno chamado “Ghost”? Será por que suas músicas são muito grudentas e bem trabalhadas em um momento em que o Metal só pensa em velocidade e técnicas? Difícil responder, mas temos que admitir que uma nova estrela do Metal acaba de surgir! Só resta torcer para que um dia eles aportem no Brasil para um show memorável! (Texto: Wellington Pena / Edição: Leo)

Para saber mais do Ghost:

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Resenha: Hunger e Medo da Noite, no Plebe Bar

Acontecimentos diversos me permitiram presenciar uma das celebrações que já está se tornando tradicional na cena de Indaiatuba! Todos os anos, a galera que chegou do Paraná com muito orgulho e humildade para fazer Rock em Indaiatuba se reúne em um show para os amigos! Pelo menos desde 2002 essa dobradinha acontece, de um jeito ou de outro, pulando uns anos e outros não, com a diferença que a cada apresentação eles estão melhores! E foi nesse clima que estive sábado, dia 9/12/11, no Plebe Bar, para conferir mais uma festa com Hunger e Medo da Noite, com open-bar de caipirinha e uma breja na faixa!

O Hunger abriu o show. “Ano passado deixamos o Medo abrir, eles demoraram muito e a gente tocou muito tarde. Então fomos mais espertos esse ano, chegamos 17h30 no bar para montar as coisas”, me explicou rindo sarcasticamente o Sr. Mauro Izalbert, frontman e headmaster do Hunger, bem na frente do William, o “cabeça” do Medo da Noite, que só ria concordando, mostrando o clima de camaradagem que imperava!

Do primeiro show que eu vi do Hunger, em 2002, na extinta A Casa, até esse, pude acompanhar a trajetória do Mauro, um verdadeiro obstinado, persistente e disciplinado batalhador de seu “sonho de vencer com sua música”. E como o Hunger evoluiu desde então! Pra começar, a formação dos caras é a melhor que a banda já teve em todos os sentidos, sem desmerecer o grande Romão, que já assumiu as baquetas do grupo! Mauro, que toca e compõe com a inteligência de poucos, tem na sua retaguarda o batera Israel, que, se não é um ás do instrumento, mostra que pegada e paixão devem fazer parte do arsenal de qualquer baterista que se preze. Nesse show, com um bumbo incrivelmente regulado, pude perceber que a consistência de sua pegada vem do trabalho quase que contínuo de seus dois pés! Parecia uma metralhadora impiedosa, intercalando rajadas de tiros absurdamente encaixadas com as palhetadas da banda.

Ao seu lado esquerdo, Mauro tem a companhia do velho parceiro de guerra Thiago Palmeiras. Eu mesmo já toquei com ele e sei da precisão que ele tem nos dedinhos gordinhos (rs)! Sem contar a postura totalmente original com que ele levanta o braço do braço pra banguear!

Na outra ponta, jogando muito, quer dizer, tocando muito, mas muito mesmo, Mauro conta com a fritadeira insana do Thiago “Kronos”! Como esse moleque tá tocando! Virtuoses da guitarra têm aos montes em Indaiatuba, mas com a precisão desse maluco vai demorar pra aparecer um! Cada fraseado e cada lick na velocidade da luz que ele entregou nesse show...

Outro capítulo à parte é a timbragem! Se todas as bandas da cidade tivessem o cuidado que o Hunger tem em timbrar os instrumentos, ninguém pegava nossa cena! Sim, para isso a banda conta com auxílio de rodies profissionais, que além de deixar tudo pronto pra eles só chegarem e tocar, soltam samplers que completam as músicas no momento certo! Oh inveja! hahaha

Finalmente falando do show (acredite, essa longa introdução era necessária para fazer vocês entrarem no clima, ou pelo menos tentar isso...rs), eles detonaram! Abriram com “Peace Is In Pieces”, primeira grande música composta por Mauro, que já foi alterada diversas vezes por conta da própria evolução musical da banda, e que agora está mais mortal ainda, com sua letra que relata a guerra por petróleo no Oriente Médio. Mais Thrash Metal impossível!

O show seguiu e, pela primeira vez em muito tempo, uma banda de Metal me pegou pelo estômago! Sim, porque mesmo revendo muitos conhecidos pelo Plebe, e com o UFC 140 passando na TV, me senti atraído pela presença e pegada do Hunger. A última banda de Metal que me fez isso foi o Metallica, no show de 2010 (a resenha está mais abaixo, aqui no blog)! Já hipnoticamente grudado na banda, Mauro avisou que aquela seria a última vez que aquele som seria cantado em Português, admitindo tranquilamente que a versão em nossa língua foi exclusivamente feita para o Festival de Rock. E dá-lhe “Contradizendo Um Paradoxo”! Apesar de eu ainda ficar em dúvida quanto a esse título, essa música é fodassa! Aliás, já digo que é “Clássica”!

O Hunger mostrou que é possível evoluir tocando Thrash Metal! Todos os sons do grupo estão com uma roupagem bem moderna, com leves flertes com o Metalcore (eu disse “leves flertes”, ok?) e um peso absurdo. Mauro soube muito bem pegar o Thrash oitentista, misturar com o peso dos Anos 90 e temperar com a melodia e os pedais duplos da primeira década do século! Inteligência musical é pra poucos!

A grande surpresa do show foi a execução de “Walk”, clássico arrasa-quarteirão do Pantera, com Mauro cantando sem a guitarra em punho e com Thiago honrando exemplarmente Dimebag no solo! Nos backing vocals do refrão, este que vos escreve teve a honra de soltar os demônios com seus gritos desafinados (Valeu!)! Tomara que esse som ainda fique por um bom tempo no repertório do grupo!

“O que é que vou tocar agora?"

Terminada a explosão atômica do Hunger, o próprio William, vocalista, guitarrista e compositor do Medo da Noite, que não parou de banguear um segundo no show dos asseclas do Sr. Mauro Izalbert, virou pra mim e falou: “O que é que eu vou tocar agora depois disso?” Confesso que concordei com ele na hora – seria muito difícil o Medo da Noite conseguir manter a galera acesa depois do estrago (no bom sentido) feito pelo Hunger!

Mas, como o próprio Wesley, baterista do grupo postou no Facebook esta semana, eles são os que eles fazem e têm isso nas veias! Isso que ele fala é o Rock ‘n Roll na mais pura forma de expressão, simples e singelo, de All Star no pé e jeans rasgado, embebedado pelas brejas baratas dividas com os camaradas no rolê e fedido com os cigarros fumados acesos quase que um no outro, e com uma energia de fazer você se sentir um adolescente outra vez, capaz de passar por cima de tudo e de todos!

Quando o Medo começou seu show, percebi que todas as músicas de seu primeiro disco, o humilde e bem gravado “O Silêncio Que Destrói” já são clássicos do Rock Indaiatubano! Todo mundo cantava junto e amava! A mistura de Renato Russo e Cazuza com Kurt Cobain e Laney Stanley das letras de William, sem falar na sua interpretação catártica, sempre perdido dentro de si, sentindo a própria poesia, com uma cara de louco que parece não ver nada, mas absolutamente consciente de tudo a sua volta, conquistou todos os rockers de Indaiatuba, independente se o cara é do Metal, do HC, do Punk ou qualquer outro estilo de Rock. Tava todo mundo cantando junto! Confesso que eu senti até vergonha por não lembrar de algumas letras!

Como foi lindo ver e ouvir “Flores de Plástico”, “A Procura de Heróis”, “O Silêncio Que Destrói” e, principalmente, “Dia de Morrer”! Como essas músicas são marcantes! O próprio Mauro falou depois da apresentação que não existe um poeta igual o William! Como vou discordar, né?

Outro ponto alto do show foram as músicas novas! Eu, afastado que estou da cena, não conhecia nenhuma, mas todo mundo já tinha na ponta da língua as letras, além dos “na-na-nas” nos riffs! Que lindo foi ver isso! As músicas seguem a mesma linha de composição das registradas no debut do grupo, mas demonstram grande evolução na construção das melodias e arranjos (gravem logo isso aí, galera! Demorou!)!

Weslão na bateria continua muito atrevido, sempre preenchendo os espaços com os pedais duplos e muitas viradas, criando uma característica bem peculiar e interessante no som da banda, já que as levadas são quase sempre baseadas na simplicidade do Grunge e do Punk Rock! O novo baixista (esqueci o nome agora, desculpem, eu não estava tão sóbrio quando fui apresentado a ele no dia), mostra muita segurança nas linhas de seu instrumento, além de uma paixão muito grande por estar tocando aqueles sons! Seus backing vocals casam muito bem com a voz de William, parecendo que tem um verdadeiro coro de vozes por trás, quando na verdade há apenas ele!

Ao final, todo mundo queria mais e pediu um bis. William atendeu, mas, ao fim do som, a galera pediu mais e ameaçou, “não vamos te deixar descer do palco”. Sem opção e alegando “vontade de beber” (mais?), ele não viu outra saída a não ser quebrar as cordas da própria guitarra, para desapontamento dos presentes. Mas isso nem foi tão desolador, já que todo mundo já estava em êxtase e satisfeito por ver dois shows fodassos e uma amizade entre bandas que já teve muitos “baixos”, mas agora só permanece nos “altos”, como demonstrado pelo abraço fraternal entre os dos “cabeças” no fim dos show, dizendo: “Mais um ano tocando juntos!”

Pega nóis!

Links relacionados:

- Hunger
- Medo da Noite
- Plebe Bar

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

R.I.P. Fabinho (Quatro Sete/Wizard Head)

Infelizmente retomo os trabalhos do IRZ com uma nota absurdamente triste!

Sexta-feira passada, dia 9/12/11, Indaiatuba perdeu outro ícone da cena local: Fábio Fernandes Garcia, o Fabinho, baixista do Quatro Sete, faleceu após uma cirurgia no Hospital Santa Ignês.

A causa da morte ainda não foi divulgada, mas suspeita-se que o músico tenha contraído alguma infecção (alguns dizem até que pode ter sido no SWU), pois havia dado entrada no hospital uma semana antes, com diarréia e vômitos. Como seu quadro de saúde não melhorava significativamente, os médicos decidiram realizar uma cirurgia exploratória, porém, um dia após o procedimento, que não revelou nada e só serviu para coletar material para análise, Fabinho sofreu morte cerebral, seguida de falência múltipla dos órgãos.

Fabinho estava com 36 anos e havia acabado de finalizar suas partes na gravação do primeiro disco do Quatro Sete ao lado do irmão Diego (vocal), do guitarrista Lucas (ex-Midway) e do Maurão, batera do T-Zero. Todas as músicas, riffs, letras e melodias foram compostas pelo Fabinho (galera do 47, que tal lançar esse CD em um festival tributo ao Fabinho, com jams da galera dos anos 90? Dou uma força na divulgação na imprensa local se precisar!)!

A empolgação dele por estar de volta à cena era imensa e, quem cruzou com ele na final do Festival de Rock este ano, só viu sorrisos, alegria e energia! Além de se classificar para a final do Festival pela primeira vez, o Quatro Sete fez seu primeiro show “completo” no mesmo dia da final (23/10), com o Insure Now, no Plebe, a convite meu! Ao fim de sua apresentação, absurdamente feliz, ele me agradeceu imensamente pelo convite, como se eu fosse o organizador do Woodstock, apesar do role ter sido bem humilde! Sinto-me orgulhoso por isso, mas isso não diminui em nada a dor por sua perda! Parecia que, após gravar seu primeiro disco, tocar pela primeira vez na final do Festival de Rock e depois fazer seu primeiro show no “bar de rock” da cidade, Fabinho dava sua missão no rock por cumprida!

Em seu velório, 99% da cena rocker de Indaiatuba dos anos 90 estava presente. Uma maneira irônica e, ao mesmo tempo, triste de conseguir reunir tantos talentos da nossa cidade. Somente um cara como o Fabinho era capaz disso! Polêmico e de opiniões fortes, vira e mexe ele soltava uma na internet que deixava o povo de cabelo em pé (rs). Porém, seu lado camarada e brincalhão era o que imperava! Quem conhecia, sabe bem do que estou falando!

A galera “nova” da cena não tem noção de quem era ou quem foi o Fabinho para a cena da cidade. Para estes, seguem estas duas informações, fornecidas por ninguém mais, ninguém menos, que o Boi Slayer (este todo mundo conhece, né?). Isso vai dar a noção da importância desse camarada pra nossa cena:

- o Fabinho foi o primeiro vocalista do Wizard Head, a primeira banda de Heavy Metal de Indaiatuba que se tem registro, em 1990;

- ele também foi o cara que apresentou o Metallica pro Boi (Essa me arrepiou!!!).

Fabinho deixa dois filhos pequenos (2 e 5 anos), a esposa Márcia (meus sentimentos), e um enorme vazio no Rock Indaiatubano!

Links relacionados:

- Quatro Sete
- Wizard Head