domingo, 9 de agosto de 2009

R.I.P. Marcão (Kranio)


O IRZ expressa seus sentimentos à família e amigos de um dos mais antigos camaradas da cena indaiatubana, Marcão, fundador das bandas Kranio e Extermínio Brutal. Ele faleceu ontem, 08/08/09, devido a complicações de um cancer, o qual lutava há pelo menos um ano!

Acho que todos têm algumas ou muitas histórias para lembrar do Marcão. Eu tenho as minhas e gostaria de compartilhar uma delas com vocês.

Em 1998, o Kranio ensaiava na rua de cima de casa, na Hercules Mazzoni, onde o Marcão morava. Na época eu tinha a Eskellettica e ensaiávamos no porão da minha casa. Um dia, o Marcão desceu até em casa depois do ensaio e pediu um microfone emprestado na maior humildade:

- To vendo que vocês fazem um som também. Bem legal, é isso aí! A gente ensaia aqui na rua de cima e precisamos de um mic emprestado. Vocês podiam emprestar?

Ele achou que eu não sabia quem ele era e que ele era do Kranio, mas eu tinha visto o segundo show deles em 1997 e, como era um adolescente que estava entrando na cena àquela época, fiquei até "honrado" de algum "carinha de banda" me pedir algo emprestado pra ensaiar. Eu me senti o "colaborador da cena".

Emprestei o mic e duas horas depois ele foi lá e devolveu. Isso era em um sábado. No domingo seguinte ele foi lá do mesmo jeito pedir novamente o mic. E claro, eu emprestei com aquele orgulho de adolescente só pra contar pros amigos depois, "o cara do Kranio veio aqui me pedir um mic emprestado pra ensaiar!"

Quando ele veio devolver o mic, ele me deu a segunda demo do Kranio, a "Escravo do Sistema", em fita K7:

- Valeu pelo mic, Leo. Esse aqui é o som nosso. Espero que você goste! - disse, me entregando a fitinha com a capa xerocada!

Guardo essa fita com aquele orgulho de colecionador e também com o orgulho de ter feito amizade com "o cara do Kranio"!

Descanse em paz, Marcão!

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

T-ZERO EXCLUSIVO!!!

As primeiras 8 faixas do novo CD

Pronto ele está desde 2007. Data pra sair não tem. Aliás, esse play ganhou do “Chinese Democracy” do Guns n’ Roses em “tempo de espera”. Tretas à parte, o IRZ teve acesso exclusivo a oito faixas do “Diversão Garantida no País da Sacanagem”, o segundo disco do Tolerância Zero, sucessor do inovador e genial “Ninguém Presta”. Ele é esperado há pelo menos uns oito anos pela cena brasileira do rock alternativo. Com um hiato desses, ninguém acreditava que a banda fosse capaz manter o gás de seu primeiro trabalho. Mas esse gás não foi só mantido, como teve uma adição de nitro! E bota explosão nisso! Eles estão absolutamente melhores, mais pesados, mais criativos, mais melódicos (sim e eu também acho isso incrível), mais “maduros” (odeio essa palavra), mais tudo o que você quiser imaginar! Sem desmerecer, essas oito faixas fazem o “Ninguém Presta” parecer uma brincadeira de adolescente rebelde (sem causa)! Quem convive com os caras é bom começar a se despedir deles, pois quando esse play sair, os caras não vão mais parar de fazer show (eu espero). Ricos, não sei se vão ficar, mas com absoluta certeza eles vão conseguir abalar a bundamolisse da cena rock brasileira, infestada por NX Zeros e Pittys da vida. É sério: não tem nada melhor que eles na cena brasileira atual! Chega de blá blá blá, já que já paguei muito pau (e eles vão me zoar com certeza) e vamos logo às faixas:

- Situação Brasileira:
o título do play saiu desse som. Um riffão nervoso abre a faixa e logo de cara você já sente a pegada do Maurão na batera. A letra é uma crítica fodida à “situação brasileira ‘bundalelê’”! O vocal do Campa ficou melhor. Claro, mais velho, mais malandrão! E isso deu um quê muito especial nas vozes, não só nessa, mas em todas as outras músicas.

- Lado Bom: essa é aquela que será chamada de “a faixa de trabalho”. Praticamente um rap com uma guitarra swingada fazendo o fundo. O trabalho de baixo também é incrível, mostrando que os anos tocando Rage Against the Machine fizeram do Thiago um puta baixista! O refrão é a principal novidade aqui com uma melodia bem fácil de cantar e com Campa pagando uma de cantor de verdade. Mesmo com essa “comercialisse”, a música ainda é pesada e agressiva. O fim descamba pra um falatório frenético com um “riff de um acorde só” nervosão.

- Reverendo Karabina: Santo Funk! Os slaps espertões abrem esse som que tem uma levada até que alegrinha com uma melodia legal. Tem uma ponte que é puro funk setentista que antecede o refrão. Aí que o caldo engrossa, com aquele riffão nervoso no estilo que só o Pé é capaz de fazer e com o Campa berrando como se tivesse fumado um maço de Belmonte enquanto tomava uma garrafa de Old Eight. Ainda tem uma quebradera com o baixo dominando, mostrando que, tecnicamente, o Thiago é o melhor “músico” da banda.

- Cabaçada:
essa é a historinha de amor, a balada... Só se for uma balada de uma ponto 30 no meio da sua cabeça! É uma mistura da “Ninguém Presta” com a “Quem é normal?”, rápida e direta, sem frescura. A letra conta a história de um cara que catou uma puta e saiu por aí se achando! Já to vendo os circle pits abrindo nos shows...

- Cidadão Social: tensa! Os riffs são feitos todos em cima de bends, dando um nervosismo incrível. A levada é lenta e pesada! Não escute quando estiver com dor de cabeça. A letra é uma das melhores, passando a mão na cabeça do “playboy way of life” que empesteia as baladas e os barzinhos. Sabe aquele cara que só pensa no status que o dinheiro dá, que se mata pra ter um trampo que os outros paguem pau, uma família certinha e um carro do ano na garagem? Coitado dele!

- Mate Um Puritano: essa já é apresentada nos shows (assim como algumas outras) há algum tempo. Típico som do T-Zero. Levada malandrona, letra “dedo na ferida”, riff nervoso, batera que você não sabe como a pele da caixa ainda não estourou e o baixo só marcando o peso! “Cuidem de suas próprias vidas”, grita o Campa no que poderíamos chamar de “breakdown” no fim do som. Diz tudo!

- Nada: o riff que abre esse som é aquele que bate na sua cabeça quando você está chapado! É um rap, o baixo que leva o som. Pesadão, me lembrou o Black Sabbath, por incrível que pareça. Depois do segundo refrão tem uma parte que lembra muito aqueles sons do Titãs dos Anos 80, que descamba pra uma gritaria do Campa, “Nada! Já não presta pra nada.”

- Trilha: essa me lembrou os tempos do new metal, do fim dos Anos 90. Uma mistura de Limp Bizkit (nos versos) com Deftones (no refrão). A letra mais uma vez é o destaque. Aliás, cada letra legal... Só fazendo uns rolês com os caras pra entender a genialidade que eles descrevem o mundo a sua volta. O final fica nervosão, com uns efeitos na voz. Coisa fina!

* alguns desses sons estão disponíveis no MySpace deles! Clique aqui e acesse!

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Cria do ódio!

LIVE: HATEBREED – ENDRAH – CLEARVIEW
26/07/09 – Espaço Lux (São Bernardo do Campo)
Organização: Liberation Music Company


Tive o privilégio de ir novamente a um show do Hatebreed! Privilégio porque esses caras são foda! Não importa qual estilo você curta mais, eles simplesmente vão te entregar um show incrível, com o volume no talo, mais pesado que um mamute, com o pedal do acelerador pisado até o fim, com uma energia infinita! E certamente você sairá esgotado fisicamente do lugar (e eles não!), mas, mentalmente, você receberá uma carga para suas baterias por pelo menos uns três meses! Não haverá trampo, chefe chato, stress, prova na faculdade ou treta com a mulher que te tirará do sério nesse período!

A noite começou com o Clearview. Polêmicas à parte quanto a classe social dos caras, a panela que eles fazem parte e a falta de engajamento na cena (seja lá o que isso for), eles entregam um ótimo Hardcore Old School, tendo seu set baseado em seu primeiro disco “Love it or leave it”. Entretanto houve alguns pontos negativos nesta apresentação: 1) eles não empolgaram o povo, pois somente o vocal “tem presença de palco”; 2) o mesmo vocalista tem a voz muito fraca em relação ao CD, não empolgando muito a galera; 3) o guitarrista tocou o show inteiro de lado (!!!), como se estivesse ensaiando; 4) o baixista tem uma postura muito “Judas Priest” pra uma banda de HC. De bom mesmo apenas o novo batera, que literalmente espanca as peles de seu instrumento.

Fora a falta de sangue-no-zóio, o vocalista se irritou com a postura de muitos que assistiam ao show de braços cruzados (como eu, por exemplo) e soltou a pérola: “Aqui é um show de Hardcore. Se é pra ficar de braços cruzados é melhor voltar pra casa.” Acho que ele poderia ter tido um pouquinho de tato e percebido que os “braços cruzados” da galera era simplesmente um reflexo da sua apresentação mediana! Uma pena mesmo! Mas já vi eles abrindo pro Madball e sei que eles têm um enorme potencial e mandam bem sim!

Depois foi a vez do Endrah, banda do baterista e maior ícone da cena Hardcore de São Paulo, Fernando Schaefer. O híbrido de Death Metal com Hardcore praticado pela banda não me agrada nem um pouco! Nem mesmo a “aula” de bateria promovida por Fernandão e a saraivada de riffs do guitarrista Coveiro salvam a banda. As músicas são construídas na base de breakdowns e blast-beats, mas isso as torna extremamente enjoativas e cansativas. No fim de qualquer uma delas você não consegue se lembrar de nenhum riff, de nenhuma levada, tanto pela duração das músicas, como pela necessidade tola de colocar 103 riffs num som de três minutos!

Do show em si, fora isso, eles apresentaram acho que três sons novos (não me lembro de nenhum riff, como já disse) e apresentaram seu novo vocalista, um cara que sabe berrar muito bem, porém não se mostrou muito à vontade no palco. Legal que trombamos ele num posto no meio da Bandeirantes na volta!

Aí começou a destruição...

Depois de uma intro épica com música clássica, na maior simplicidade do mundo, Frank 3 Gun, Wayne Lozinak, Matt Byrne e Chris Beattie entram no palco e começam “Doomsayer”! Segundos depois, Jamey Jasta aparece com um puta sorriso no rosto e batendo no peito com orgulho. Falou uns três “thank you” fora do microfone, nos cumprimentou e soltou os demônios!

A partir daí foi porrada atrás de porrada! Sem descanso, sem conversa, sem paradinha pra tomar água ou passar toalhinha no rosto! Assim como em 2005, o Hatebreed se destaca pelo pique e pela intensidade que mantém durante cada segundo de seu show! E seguem os clássicos: “Never Let it Die”, “Perseverance” (perfeita!), “Before Dishonor”, “Defeatist”, “Beholder of Justice”, “A Call For Blood”, “Tear it Down”, “This is Now”, “As Diehard As They Come”, “Straight To Your Face”, “Live For This”, “Destroy Everything”, “I Will Be Heard” (essas duas últimas no bis). Porra, to falando o set list inteiro! Sente só que showzão (rs)!

Na verdade, só senti falta de dois sons: “Another Day Another Vendetta”, com sua letra com citações da fantástica “Just Look Around” do Sick Of It All, e “Horrors of Self”, que tem o melhor breakdown do mundo ao lado da “Davidian”, do Machine Head. Mas nem dá pra reclamar! Teve SLAYER, “Ghosts of War”, com o circle pit mais animalesco que já entrei na vida! E também teve cover do Black Flag, “Thirsty And Miserable”: muito linda também.

E o que dizer da banda? O vocalista Jamey Jasta, figuraça humilde e muito carismática, sabe, e muito bem, que berrar é a melhor maneira de aliviar as tensões. Por conta disso, além de acompanhar o berreiro todo das furiosas letras da banda, ele pede insistentemente pra platéia gritar, gritar e gritar! Você nem precisa saber as letras, mas certamente sairá rouco do lugar! Que terapia! Ok, ainda acho o Freddie Cricien, do Madball, mais carismático, mas ele é latino, tem aquela manha de malandrão e acho que a diferença se dá toda por isso.

E a postura de fodão dos músicos? Porra, não precisa fazer aquelas macaquices de girar guitarrinha no pescoço, dar o pulinho mais alto ou mexer a franjinha pra demonstrar carisma e contagiar a massa! Basta se entregar de coração! E isso com certeza foi o que mais teve neste show: entrega! Vocês podem ver isso pelos milhares de vídeos espalhados no You Tube e como no que está abaixo.

“Hey, this is Slayer. I want the biggest circle pit this place has ever seen!”



SET LIST:
Doomsayer
Never Let It Die
Perseverance
Before Dishonor
Defeatist
Beholder Of Justice
Proven
Black Flag
To The Threshold
A Call For Blood
Last Breath
Tear It Down
Empty Promises
Divine Judgement
Smash Your Enemies
Slayer
This Is Now
As Diehard As They Come
Hollow Ground
Most Truth
Straight To Your Face
Live For This
-----------------------
Destroy Everything
I Will Be Heard

Foto: Michele Mamede (site da Liberation)