quinta-feira, 11 de junho de 2009

ENTREVISTA: HUNGER


Back From The Dead!

Eles começaram em 2002, quando a cena Metal de Indaiatuba passava por um período de seca, e chegaram ao topo com participação em coletâneas, aberturas de show para bandas de renome do cenário nacional, prêmios em festivais e o com a preferência de 9 a cada 10 headbangers da cidade, sempre primando pela técnica apurada de seus integrantes e pela musicalidade diversificada que unia Thrash Metal com influencias progressivas. Mas no fim de 2007, a banda que parecia que decolaria, se separou e seus integrantes foram tocar seus projetos pessoais! Neste hiato, Mauro Izalbert, o incansável e abnegado vocalista/guitarrista conheceu o mainstream tocando com o Medo da Noite e como sideman de Wanderley Cardoso. Depois de quase 2 anos no “outro mundo” eis que eles voltam com tudo, com novos integrantes, deixando todos de boca aberta em sua primeira apresentação na cidade depois da volta, no badalado Festival de Rock e com o single “Demons in White” no MySpace da banda, com a participação do mais que conhecido Fernandão (Treta, Endrah, Pavilhão 9, Rodox e outros) na bateria. É sobre isso e muito mais que Mauro conta ao zine com exclusividade. Hunger is back!

Vocês passaram quase 2 anos sem tocar, devido sua ida ao Medo da Noite. Como e quando foi que bateu na cabeça que o Hunger deveria voltar?

Bom, nunca pensei em parar o Hunger. Pouco antes de “terminar” a banda , eu disse aos antigos integrantes que queria dar um tempo, pra poder trabalhar e realizar algumas coisas pessoais, enfim, pra poder ganhar dinheiro mesmo e que depois que eu estivesse estabilizado, poderíamos voltar com a banda. Até tentei a volta com os caras, mas entre tentativas e tentativas, resolveram que não havia “clima” pra tocar comigo.

Como foi achar novos integrantes?

Realmente muito difícil. Como já disse, tentei voltar com os antigos integrantes, mas não rolou por parte dos caras, então fui em busca de uma banda e por um acaso um dia estava ajudando uma outra banda no (Studio) HP Records e conversando com Aldo (produtor e dono do estúdio), vi que era possível gravar um single com participação do Fernando Schaefer. E pensei que feito isso, seria fácil arrumar integrantes. Nesse meio tempo consegui o guitarrista, Michel Pereira (guitarra), que já acompanhava e curtia a banda e também tinha sido meu aluno de guitarra e o Tiago Palmeiras (baixo) também tinha aceitado voltar pra banda, mas no meio da empreitada ele resolveu sair. Então durante todo o processo da gravação de “Demons in White”, o Hunger contava com Michel e eu. Procurar por baterista já era difícil e ainda íamos ter que achar um outro baixista, mas pesquisei e pesquisei pela internet e me arrisquei a convidar um baterista que fazia tópicos escrevendo de maneira entusiasmada e realmente demonstrando muita vontade. O nome dele é Israel Santana! Mandei o convite junto com uma prévia instrumental da “Demons in White” e ele me mandou um recado de volta dizendo que não acreditava que a música era nossa! Depois de umas conversas ele aceitou fazer um teste e pronto! Ele não precisou tocar mais que uma música pra ser “aprovado”. Só faltava um baixista e, depois de muita, mais muita procura, o Abner Rodrigues foi convidado e aceitou e, enfim, conseguimos montar a banda. Tanto o processo de gravação, como de formação da banda demorou uns 4 meses e, depois de tanta confusão, de tanta coisa, o resultado disso tudo supera o esperado, pois temos hoje uma banda unida, forte, num clima tão gostoso de se trabalhar com nunca.

E o estilo? A música “Demons in White”, disponível no MySpace descreve bem este novo Hunger ou haverá ainda mais surpresas?

Com certeza haverá surpresas. Não conseguimos mais nos limitar, queremos ir longe e pra isso temos que ser ousados. Vão surgir coisas novas e diferentes, como vocais limpos, talvez mais orquestração! Enfim, nossa busca pela originalidade é o principal.

Por que o uso de violino e cello na música? Fale um pouco mais dela.

Isso é uma coisa que tenho comigo desde muito cedo. Sempre fui fascinado pelo som do cello e era um sonho ter isso em uma música minha, ao contrário de que acham que sou fanático por Apocalyptica (rs). E o fato dessa escolha também remete ao clima que queria gerar na música, que critica as formas com que a igreja e a fé cega contaminaram a humanidade e contaminam até hoje.

E quanto às afinações? Fiquei sabendo que vocês usaram pelo menos duas guitarras na apresentação do Festival de Rock...

Bom, hoje em dia usamos duas afinações: Db e Drop B. Depois de algumas aulas de voz e de experimentar zilhões de afinaçoes no meu “estúdio” caseiro, optei por essas duas afinações que além de dar o peso que queremos ainda me permite trabalhar melhor a voz.

O que você acha do festival este ano? Gostou da escolha para o show de encerramento?

Achei que o festival voltou com força total, porque realmente o de 2007 e 2008 deixaram muito a desejar na minha opinião. A escolha do local (Tom da Terra) foi ótima porque poucas bandas tem chance de tocar num local assim com numa aparelhagem dessas e a escolha dos jurados também foi muito boa, porque os três realmente estão ou estiveram envolvidos com rock e metal de maneira musical, não só de opinião. Quanto à escolha de Paulo Miklos para encerramento, achei um pouco equivocada, não por caráter musical, mas por eu achar que num festival esperado por todos o ano inteiro, o artista pra fechar deveria ser um ídolo de massa tocando músicas conhecidas. Adoro o trabalho dele, mas confesso que conheço pouquíssimo sobre sua carreira solo; acho que o Titãs seria uma opção que agradaria a gregos e troianos.

Quais os planos pra banda? Vão gravar mais músicas em breve? Muitos shows por vir?

Bom, temos um clipe que está pra ser finalizado. Já gravamos a parte “banda” e agora falta finalizar algumas cenas com atores. Esperamos que até o comecinho de julho esteja pronto. Sobre gravar mais músicas ainda estamos em dúvida, porque temos alguns contatos e provavelmente nosso “debut album” sairá em 2010, então ainda temos muita coisa incerta sobre material novo. E os shows a gente tá pegando leve, já que é a volta da banda e tudo mais, estamos pegando o ritmo lentamente, mas temos algumas coisas legais por vir, no final de junho vamos tocar num concurso pra abrir o show do sepultura/angra. Também fomos convidados pra tocar no Hangar 110 em São Paulo com algumas bandas da Argentina (N. do E.: Ban This e Jesusmartyr), e mais alguns outros ainda! Não tem nada concreto. Ainda estamos numa fase meio “bagunça” na agenda.

O que você acha da atual cena de Indaiatuba, independentemente do estilo de rock?

Acho a cena forte, tem banda pra caralho e o que acho mais louco é que todas são realmente de qualidade, claro que cada uma dentro do seu estilo. A cena hardcore/metalcore está bem unida e acho isso foda pra caralho! São coisas que eu realmente invejo dentro do metal, já que as bandas de metal de Indaiatuba não são NADA unidas.

O que você tem a dizer sobre sua experiência como sideman do Wanderley Cardoso? O que aprendeu nesta empreitada?

Cara, realmente foi uma parada estranha na minha vida. Nunca me imaginei nessa posição e posso dizer que aprendi muita coisa, tanto o que devo fazer quanto o que não devo. Musicalmente, aprendi o quão você tem que estar preparado, porque quando alguém tá colocando dinheiro, as cobranças mudam, e muito, de figura. Aprendi como é importante ficar horas passando o som antes de tocar (rs) e aprendi a admirar muito o Wanderley Cardoso, que além de ter uma voz forte e muito técnica é uma pessoa de bom coração.

Como é o mundo do mainstream? O que exatamente te “trouxe de volta” ao underground?

Há muita coisa “glamorosa” e outras nem tanto. É muito legal poder ser bancado, viajar de avião, ficar em bons hotéis, tocar com som decente, conhecer lugares novos e tals, mas ao mesmo tempo você vê muita coisa que não condiz com seus valores, com seus ideais. Quando a beleza mostra sua cara feia, você começa a dar valor às coisas que você sequer prestava atenção antes. O que me fez voltar com o Hunger não foi isso, nem nada. A idéia já estava na minha cabeça desde sempre, alguns fatores só vieram apressar isso.

O que é mais importante na vida?

Com certeza o amor e a paz que isso traz. Corri tanto atrás de tanta coisa, mas na verdade tudo que eu precisava sempre esteve do meu lado. Muitos amigos se foram, muitos chegaram e vi que não vale à pena abrir mão das coisas que te fazem bem por nada.

Algum recado final?

Quero agradecer ao apoio de vocês do Zine, isso é uma baita iniciativa, quero mandar um muito obrigado às pessoas que torcem contra e à favor, todas ajudam de certa forma.

Um comentário:

  1. Hunger é o Hunger, continua foda como sempre irmãos, é noix.

    William Bastos
    Familia INSURE NOW

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