segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Cria do ódio!

LIVE: HATEBREED – ENDRAH – CLEARVIEW
26/07/09 – Espaço Lux (São Bernardo do Campo)
Organização: Liberation Music Company


Tive o privilégio de ir novamente a um show do Hatebreed! Privilégio porque esses caras são foda! Não importa qual estilo você curta mais, eles simplesmente vão te entregar um show incrível, com o volume no talo, mais pesado que um mamute, com o pedal do acelerador pisado até o fim, com uma energia infinita! E certamente você sairá esgotado fisicamente do lugar (e eles não!), mas, mentalmente, você receberá uma carga para suas baterias por pelo menos uns três meses! Não haverá trampo, chefe chato, stress, prova na faculdade ou treta com a mulher que te tirará do sério nesse período!

A noite começou com o Clearview. Polêmicas à parte quanto a classe social dos caras, a panela que eles fazem parte e a falta de engajamento na cena (seja lá o que isso for), eles entregam um ótimo Hardcore Old School, tendo seu set baseado em seu primeiro disco “Love it or leave it”. Entretanto houve alguns pontos negativos nesta apresentação: 1) eles não empolgaram o povo, pois somente o vocal “tem presença de palco”; 2) o mesmo vocalista tem a voz muito fraca em relação ao CD, não empolgando muito a galera; 3) o guitarrista tocou o show inteiro de lado (!!!), como se estivesse ensaiando; 4) o baixista tem uma postura muito “Judas Priest” pra uma banda de HC. De bom mesmo apenas o novo batera, que literalmente espanca as peles de seu instrumento.

Fora a falta de sangue-no-zóio, o vocalista se irritou com a postura de muitos que assistiam ao show de braços cruzados (como eu, por exemplo) e soltou a pérola: “Aqui é um show de Hardcore. Se é pra ficar de braços cruzados é melhor voltar pra casa.” Acho que ele poderia ter tido um pouquinho de tato e percebido que os “braços cruzados” da galera era simplesmente um reflexo da sua apresentação mediana! Uma pena mesmo! Mas já vi eles abrindo pro Madball e sei que eles têm um enorme potencial e mandam bem sim!

Depois foi a vez do Endrah, banda do baterista e maior ícone da cena Hardcore de São Paulo, Fernando Schaefer. O híbrido de Death Metal com Hardcore praticado pela banda não me agrada nem um pouco! Nem mesmo a “aula” de bateria promovida por Fernandão e a saraivada de riffs do guitarrista Coveiro salvam a banda. As músicas são construídas na base de breakdowns e blast-beats, mas isso as torna extremamente enjoativas e cansativas. No fim de qualquer uma delas você não consegue se lembrar de nenhum riff, de nenhuma levada, tanto pela duração das músicas, como pela necessidade tola de colocar 103 riffs num som de três minutos!

Do show em si, fora isso, eles apresentaram acho que três sons novos (não me lembro de nenhum riff, como já disse) e apresentaram seu novo vocalista, um cara que sabe berrar muito bem, porém não se mostrou muito à vontade no palco. Legal que trombamos ele num posto no meio da Bandeirantes na volta!

Aí começou a destruição...

Depois de uma intro épica com música clássica, na maior simplicidade do mundo, Frank 3 Gun, Wayne Lozinak, Matt Byrne e Chris Beattie entram no palco e começam “Doomsayer”! Segundos depois, Jamey Jasta aparece com um puta sorriso no rosto e batendo no peito com orgulho. Falou uns três “thank you” fora do microfone, nos cumprimentou e soltou os demônios!

A partir daí foi porrada atrás de porrada! Sem descanso, sem conversa, sem paradinha pra tomar água ou passar toalhinha no rosto! Assim como em 2005, o Hatebreed se destaca pelo pique e pela intensidade que mantém durante cada segundo de seu show! E seguem os clássicos: “Never Let it Die”, “Perseverance” (perfeita!), “Before Dishonor”, “Defeatist”, “Beholder of Justice”, “A Call For Blood”, “Tear it Down”, “This is Now”, “As Diehard As They Come”, “Straight To Your Face”, “Live For This”, “Destroy Everything”, “I Will Be Heard” (essas duas últimas no bis). Porra, to falando o set list inteiro! Sente só que showzão (rs)!

Na verdade, só senti falta de dois sons: “Another Day Another Vendetta”, com sua letra com citações da fantástica “Just Look Around” do Sick Of It All, e “Horrors of Self”, que tem o melhor breakdown do mundo ao lado da “Davidian”, do Machine Head. Mas nem dá pra reclamar! Teve SLAYER, “Ghosts of War”, com o circle pit mais animalesco que já entrei na vida! E também teve cover do Black Flag, “Thirsty And Miserable”: muito linda também.

E o que dizer da banda? O vocalista Jamey Jasta, figuraça humilde e muito carismática, sabe, e muito bem, que berrar é a melhor maneira de aliviar as tensões. Por conta disso, além de acompanhar o berreiro todo das furiosas letras da banda, ele pede insistentemente pra platéia gritar, gritar e gritar! Você nem precisa saber as letras, mas certamente sairá rouco do lugar! Que terapia! Ok, ainda acho o Freddie Cricien, do Madball, mais carismático, mas ele é latino, tem aquela manha de malandrão e acho que a diferença se dá toda por isso.

E a postura de fodão dos músicos? Porra, não precisa fazer aquelas macaquices de girar guitarrinha no pescoço, dar o pulinho mais alto ou mexer a franjinha pra demonstrar carisma e contagiar a massa! Basta se entregar de coração! E isso com certeza foi o que mais teve neste show: entrega! Vocês podem ver isso pelos milhares de vídeos espalhados no You Tube e como no que está abaixo.

“Hey, this is Slayer. I want the biggest circle pit this place has ever seen!”



SET LIST:
Doomsayer
Never Let It Die
Perseverance
Before Dishonor
Defeatist
Beholder Of Justice
Proven
Black Flag
To The Threshold
A Call For Blood
Last Breath
Tear It Down
Empty Promises
Divine Judgement
Smash Your Enemies
Slayer
This Is Now
As Diehard As They Come
Hollow Ground
Most Truth
Straight To Your Face
Live For This
-----------------------
Destroy Everything
I Will Be Heard

Foto: Michele Mamede (site da Liberation)

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