segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Lançamentos de 2009 resenhados – Parte 1

Sou um daqueles caras aficcionados por listas de discos! Assim como John Cusack no filme Alta Fidelidade (muito bom, por sinal. Assistam com seu parceiro[a]!), faço, todos os anos, uma lista com os lançamentos e fico avaliando, mentalmente, os melhores e o piores, e também os motivos. Em 2009 não foi diferente, entretanto, vou compartilhar com vocês aqui, breves avaliações de todos os lançamentos que ouvi, com nota e tudo mais. Com ajuda da nossa grande amiga Internet, tive acesso a 18 lançamentos esse ano. Alguns eu acabei comprando. Outros não agregam valor a minha coleção (quem gosta de lista de discos tem que ter coleção em casa). O legal é que medalhões como Slayer, Megadeth e Kiss soltaram plays em 2009 e, em geral, a qualidade destes é boa, o que torna a lista bem interessante. Bom, vamos começar...


Rancid – “Let The Dominoes Fall”
Nota: 9,5


Puta merda como esses caras são bons! Desde 2003, como mediano Indestructible, eles não lançavam um disco de inéditas. Em 2007 teve uma coletânea de B-Sides muito boa, mas nada tão legal quanto este “Dominoes Fall”. Todas as fórmulas que consagraram o Rancid estão nesse CD: punk rocks de três acordes e muita melodia (“Last One to Die”, a mais foda do play), skas espertos com gang vocals empolgantes (“Up To No Good”), hardcores rasteiros (”This Place”), reggaes pra relaxar (“I Ain’t Worried”), baladinhas “violão & voz” (“Civilian Ways”). Tudo temperado com a charmosa voz rouca de Tim Armstrong, os berros vibrantes de Lars Frederiksen e, para surpresa dos fãs, uma música inteira com os vocais do baixista Matt Freeman (“L.A. River”), coisa que não acontecia desde 2000. A produção é do guitarrista do Bad Religion Brett Gurewitz, “papa” da cena punk americana do início dos anos 90 e dono da gravadora Epitaph (responsável pelo lançamento). Segundo a Wikipedia, este disco estreou na posição 11 da Billboard, a mais alta já alcançada pelo Rancid. Pra quem curte um Punk Rock e não tem preconceito com influências de outros estilos, é um prato cheio!


Megadeth - Endgame
Nota: 8,0


Todas as resenhas que tenho lido estão falando que este disco é um novo clássico do Megadeth. Puxa, é um baita CD, mas tá muuuuito longe de ser um clássico no mesmo patamar de um “Rust In Peace” ou um “Countdown to Extinction”. Eu sempre me lembro de uma entrevista antiga do Mustaine, da época do Monsters de 1995, onde ele dizia que tocava com ódio e o Marty Friedman com amor. Esse ódio que ele fala transborda nesse play! Você pode sentir aquele ranger de dentes característico dele enquanto escuta qualquer riff ou solo. De fato, ele trampou bem aqui! Os destaques absolutos ficam para a faixa instrumental de abertura “Dialetic Chaos”, onde temos um duelo de guitarras inspiradíssimo, a que vem sem seguida “This Day We Fight”, um thrashão nervoso e raivoso, e para “Head Crusher”, que é literalmente um “esmaga-crânios”, com direito àquele riffão de palhetada pra baixo bem oitentista. Outra coisa que é destaque no álbum é o trampo da batera. Shawn Drover fora muito criticado nos álbuns anteriores, mas nesse ele arregaça! Já o novo guitarrista Chris Broderick não me empolga. O Mustaine disse que ele é o melhor que já tocou junto com ele, mas pra mim ele não passa de um professor de guitarra, que frita muito à toa, passando bem longe da beleza e do feeling transbordante que os solos do Marty Friedman tinham de sobra.


Nirvana – Live At Reading
Nota: 10


A nota 10 vai pelo contexto histórico! Quem acompanhou a carreira do Nirvana, sabe que o ponto mais alto e, talvez a melhor apresentação de todas, foi esse show no Reading Festival de 1992. O “Nevermind” estava estourando ainda. O sucesso só aumentava a cada dia e o vício de heroína do Kurt também. A história todo mundo já sabe de cor, mas o que ninguém podia prever é que a banda pudesse fazer um show tão foda quanto esse, com Kurt cantando absolutamente bem e a banda tocando com perfeição cirúrgica! No repertório temos praticamente o “Nevermind” inteiro e mais algumas do “Bleach” e do “Incesticide”, além das até então inéditas para a época “tourette's”, “All Apologies” e “Dumb”, que integrariam o “In Utero”. Há ainda dois covers obscuros ("The Money Will Roll Right In", do Fang, e "D-7", do Wipers) e muita energia! São 25 músicas, com direito a todo o falatório entre elas, além de risadas (!!!) de Kurt Cobain. To só esperando o DVD sair no Brasil pra garantir o meu (N. do R.: minha encomenda já chegou! :o) )!


Hatebreed – For The Lions
Nota: 8,5


Uma banda da cena Hardcore fazendo um CD de covers! Inusitado, né? Mais inusitado ainda se metade dos covers forem de bandas de Metal! Pois é, o Hatebreed fez isso e muito bem feito neste “For The Lions”. Como um CD que tem músicas de medalhões do Metal como Slayer (“Ghosts of War”), Metallica (“Escape”), Sepultura (“Refuse/Resist”) e Obituary (“I’m In Pain”) e, ao mesmo tempo, de bandas clássicas de Hardcore como Agnostic Front (“Your Mistake”), Madball (“Set It Off”), Sick Of It All (“Shut Me Out”), Black Flag (“Thirsty And Miserable”) e Merauder (“Life is Pain”) pode ser ruim? E ainda tem Suicidal Tendencies, Cro-Mags, Bad Brains, Misfits, D.R.I. etc. A execução das músicas é perfeita e, com exceção da afinação (que é mesma que a banda usa em suas músicas, “C”), todos os covers são tocados iguais aos originais, como (pra mim) qualquer cover deve ser. O único ponto negativo é para o vocal Jamey Jasta tentando cantar limpo no clássico do Metallica. Ficou forçado demais, infelizmente. Mas de resto é só alegria! Pura cacetada!


Hatebreed – Hatebreed
Nota: 8,0


Ainda estou digerindo este álbum. Citação estranha no caso do Hatebreed, pois todos os outros quatro anteriores de inéditas são praticamente partes de um mesmo disco. Até este play aqui, o Hatebreed ainda estava no seleto hall de bandas que não mudam seu estilo e lançam sempre o mesmo disco, como Ramones, Motörhead e AC/DC. Este é diferente mesmo! A influência do Metal corre forte, com muitas bases palhetadas com solinhos, solos Thrash Metal e pedal duplo comendo solto. Aliás, o destaque de execução aqui fica pro batera Matt Byrne, que certamente aprendeu muito tocando os covers do “For The Lions” e dispara levadas intricadas de bumbo como nunca. A velocidade também diminuiu um pouco. Parece que o Kingdon of Sorrow, projeto paralelo de Sludge Metal do Jamey Jasta com o guitar do Crowbar Kirk Windstein, exerceu muita influência. Legal que é o segundo lançamento da banda em 2009. Que banda hoje em dia tem moral pra isso? Entretanto, os comentários que ouvi desse play foram todos negativos, com o pessoal dizendo que achou estranho. Eu já acho uma atitude boa e vejo uma banda preocupada em não ser repetitiva. Afinal, gravar outro “Supremacy” ou outro “Perseverance” seria muito fácil e óbvio. Destaco as faixas “In Ashes They Shall Reap”, que lembra a “I Will Be Heard”, mas tem um refrão melódico, a velocíssima “Hands Of A Dying Man” e sua levada à Slayer, e “Everyonde Bleeds Now”, com seu peso mastodôntico e breakdown avassalador. É, de fato, diferente dos padrões “hatebreedianos”, mas inovação na carreira de qualquer banda só faz ela crescer!


NOFX - Coaster
Nota: 9,0


Até hoje não vi banda mais inovadora que o NOFX: “Coaster”, em inglês, é o famoso porta-copos, aquelas “bolachas” onde descansamos nossos chopes no barzinho. Já a versão em vinil deste play foi lançada com o nome de “Frisbee” (aqueles discos de jogar um pro outro na praia)! Fat Mike é mesmo um gênio criativo (rs)! Musicalmente falando, “Coaster” traz o NOFX em estado puro, com tudo que a banda já fez de melhor em sua carreira (e já são 26 anos), mas com riffs mais malvadões, influenciados pelo Metal. Este 11º disco dos caras traz as clássicas letras com o humor cáustico de Fat Mike, como “Eddie, Bruce and Paul”, onde ele conta a história da saída de Paul Di’anno e a entrada de Bruce Dickinson no Iron Maiden. Só que lendo a letra sem conhecer a história, parece que estamos diante de um triângulo amoroso gay!!! Quem mais conseguiria contar uma história com metáforas como esta? (rs) Outro ponto interessante do álbum é a faixa "My Orphan Year", onde, num raro momento de seriedade, Fat Mike conta a história do ano em que perdeu seu pai e sua mãe (2006). A letra é um relato sério e triste e, certamente, terá a identificação de muita gente que já passou por isso. Mas o que predomina é o clima de festa e bagunça, como no fantástico reggae "Best In God Show", cujo título fala por si só. Excelente!


Chimaira – The Infection
Nota: 8,0


Meu Media Player classifica este CD como "Groove/Post-Thrash/Metalcore"! Por aí já dá pra imaginar aquela mistureba que envolve vocais e batidas "ishpérrrtas" do rap, sussurros, pedal-duplo moendo, levadas “cisca-cisca”e por aí vai. Afinal, é o novo play do Chimaira, aquela banda que começou fazendo new metal imitando o Korn, ficou mais pesada quando o new metal morreu, virou metalcore, lançou um disco de thrash metal quando era isso que estava em voga e, agora, deve seguir a atual tendência do momento. Mas provando que nem sempre a água do rio corre na mesma velocidade, a banda surpreendeu e lançou seu disco mais pesado, lento e denso! “The Infection” começa com “The Venom Inside”, que tem uma bela intro, com dedilhados e guitarras dobradas à Iron Maiden. Mas ao invés de explodir aquele riff “abre-rodinha”, o que entra é um riffão lento, pesadíssimo, de fazer Tony Iommi morrer de inveja, tamanha densidade! As guitarras são o grande destaque do play, pois é riff atrás de riff, sem descanso. Prestem atenção no riff do meio de “The Disapearring Sun”: Hetfield ficaria orgulhoso! O vocalista Mark Hunter parou com aquelas falas desesperadas tipo “I’m so alone” e se limitou a gritar. Tá cavernoso e mete medo em criancinha! E dá-lhe breakdown! Praticamente todas as músicas possuem um! Ver a faceta “queremos mostrar o quão pesados conseguimos ser” do Chimaira é muito legal, porque mostra que a atual tendência é ser “mauzão”. Isso, claro, levando em consideração que a banda, apesar de boa, SEMPRE segue as modinhas do momento no rock.


É isso aí! Muito em breve a Parte 2 sai do forno! Teremos Slayer, Kiss, Killswitch Engage, Suicidal Tendencies, Alice In Chains, Claustrofobia, Heaven & Hell, Massacration...

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