sexta-feira, 3 de julho de 2009

Tolerância Zero / Reverendo Karabina


GROOVE DESCONTROLADO

Suicidal Tendencies e Infectious Grooves. Duas bandas com os mesmos integrantes e duas propostas musicais diferentes. Tolerância Zero e Reverendo Karabina. Duas bandas com os mesmos integrantes e duas propostas musicais (não tão) diferentes. Assim pode-se dar uma das explicações sobre quem é a atual banda vencedora do Festival de Rock de Indaiatuba. O festival passou, eles faturaram o prêmio máximo e foram assunto do meio roqueiro da cidade por pelo menos duas semanas sem parar. Para o bem ou para o mal! O prêmio é um reflexo do ótimo momento que a banda vive agora, depois de uma fase turbulenta, mas também pode ser a ‘justiça’ (que tardou muito, mas não falhou) aos mais de 13 anos de estrada que a banda tem nas costas! E é sobre isso e muito mais que o guitarrista Pé (também conhecido como Serginho) nos conta nesta reveladora entrevista. Ele rebateu as críticas, explicou o atual momento da banda (que também conta com Campa na voz, Mauro na batera e Thiago no baixo), contou sua trajetória desde o início, revelou o que acontece com o tão aguardado segundo disco e falou sobre as “grandes oportunidades” que eles tiveram na estrada! Demorou, foi praticamente um parto, mas saiu!

Primeiro vamos direto ao ponto: qual a sensação de ganhar o Festival de Rock de Indaiatuba depois de mais de 10 anos de estrada, ter CD lançado por gravadora, turnês com bandas e artistas renomados, reconhecimento no Brasil inteiro? O que isso acrescenta ao T-Zero?

Cara, quando cheguei em casa no último domingo, depois da premiação, e contei ao meu pai, ele disse, “Merecido, também depois de tantos anos trilhando este caminho, merecia um reconhecimento.” E creio que esta é opinião geral de todos que estiveram envolvidos com a gente nos ensaios, nesse projeto, e de nós mesmos, por sabermos que foi algo bem planejado, no qual tivemos foco, mas sem pensar simplesmente em ganhar ou que já tínhamos ganho. Claro que fomos motivados pelo dinheiro, mas quanto a acrescentar ao T-Zero, afirmo que algumas pessoas estão equivocadas, já que se trata de outra banda, outra proposta! Por mais que seja cômodo para as pessoas pensarem “ganharam porque é o T-Zero” ou então botarem a culpa de suas frustrações por não ter ganhado nada em um suposto ‘almoço’ com jurados. Falem o que quiserem, continuamos no “to cagando way”, se é que me entende.

Eu sei esta resposta, mas gostaria que viesse de vocês, até para esclarecimento ao público: por que vocês entraram no Festival com o nome de “Reverendo Karabina”, que é o nome de uma das músicas do T-Zero?

Reverendo Karabina é o nome de uma das melhores musicas do T-Zero, na minha opinião. No entanto, digo mais uma vez: O T-Zero não entrou no festival com o nome de Reverendo Karabina, o Reverendo Karabina entrou no festival e, de azarão, acabou ganhando. É claro que nossa experiência de anos de estrada com o T-Zero ajuda em muito no que se refere a entrosamento, postura de palco, entre outros, mas é outra coisa. Tipo Suicidal Tendencies e Infectious Groove, sacou?


E sobre a polêmica que sempre paira sobre o vencedor, o que você tem a dizer? Este ano os boatos no orkut deram conta que vocês almoçaram com o Tadeu Patola no dia da final, que ele seria o novo empresário da banda e que vocês passaram pra final com notas baixas apenas porque alguém mandou (rs).

Olha, se o Patola é nosso novo empresário, eu particularmente não fui avisado, mesmo porque só vi o cara uma vez, na hora da premiação. Seria muito bom um empresário envolvido no showbizz, mas devo esclarecer a esta horda de imbecis que falam pelo cu que o Patola não é empresário de ninguém, é apenas um produtor musical. Quanto ao referente almoço, bom, todo mundo sabe que em dia de show a gente não almoça. As notas estão conosco e à disposição pra quem quiser dar uma pescoçada. E posso garantir que estão longe de serem consideradas baixas.


O que aconteceu nos últimos três anos que vocês meio que deram uma parada? Este tipo de “parada” é o segredo da longevidade do grupo?

Se referindo ao T-Zero, na verdade a gente nunca parou. Tivemos dois anos que não foram dos melhores (2007 e 2008), onde, além da perda de alguns membros da nossa equipe, nós mesmos tivemos questões pessoais a resolver, cada qual em seu âmbito. Demos um tempo de show, de mídia. Mas continuamos ensaiando semana a semana produzindo, vivendo o rock. Muita gente se questiona porque a gente ganhou isso, porque tivemos esta ou aquela oportunidade, sente inveja porque não acham que sejamos uma banda boa ou que merecemos. A diferença, meu velho, está numa coisa: a gente não só toca rock, a gente vive o rock! Isso faz toda a diferença quando você tem um monte de moleque na sua frente, sedentos por ouvir o seu som e vibrando, porque é uma coisa real. Lembre-se, “nice guys don´t play rock n’ roll”, se é que me entende. Graças ao Senhor, o qual sei que estamos tudo devendo, ele não nos deixa na mão, este ano tem sido ótimo pro Tolerância.

E sobre o Thiago, o baixista novo (que nem é tão novo assim)? Vi que as linhas de baixo dele deram uma cara nova aos sons. E por que o DJ Nicola saiu da banda?

O Thiago é sem duvida o melhor baixista que já tivemos, principalmente se você levar em conta o quesito técnico, de ser músico. Mas além disso, o cara é um arruaceiro nato e se encaixou perfeitamente no nosso estilo e convivência. O Nicola não saiu da banda não. Aliás, acho que esse porra aí ta mais na banda do que nunca! Ele só mudou de DJ pra nosso técnico de som e tem se saído muito bem nessa função, não que não seja um bom DJ também.

Qual o próximo passo do T-Zero? Vi que tem músicas novas no MySpace e também que muitas datas de show têm sido marcadas este ano, diferente dos últimos anos...


“O próximo passo”! É nome de filme isso? (rs) Nossos passos geralmente têm a distância de uma viagem, quase sempre cortando o pedágio. Acontece que estamos felizes pela retomada da banda, que se deve muito a demanda de público que temos neste momento. Tocamos em São Paulo pra cerca de 800, 900 pessoas, todas esperando pra ver o T-Zero. E isso acontece em cidades do interior também. Show tá pintando direto e vamos re-estruturar a banda pra atender essa demanda. Temos varias idéias e algumas pessoas boas pra nos auxiliar, então creio que este ano, pela energia positiva que esta rolando entre a gente, vai acontecer muito ainda.

O que acontece com o tão prometido “Diversão garantida no país da sacanagem”, que ainda não saiu? Vocês não pensam em lançá-lo de modo independente ou até em formato virtual, por exemplo?

Temos praticamente tudo já gravado e estamos estudando como fazer este lançamento. Na verdade, vamos lançar primeiro um EP. A intenção é dividir este disco em dois lançamentos ou mais. O formato virtual, sem sombra de dúvidas, está em nossos planos. Já estamos inclusive testando isso no MySpace e outros. O que posso dizer é que os fãs que esperam algo do T-Zero ainda este ano vão ser atendidos! Fizemos uma audição no material outro dia e a qualidade e energia dele são impressionantes. Não temos nenhuma intenção de fazer a coisa mais bem produzida do mundo, como fizemos no passado, e estamos cagando pra nego que quiser criticar. Vai ser um lançamento privilegiando o que somos: uma banda de rock pesado e groovado descontrolada!

Gostaria que você falasse um pouco do começo da banda, ainda da época do Straw Dogs, até o nascimento do que é o T-Zero e quais eram suas intenções na época.

Bom, na época do Straw Dogs a intenção era fazer algo na linha Pantera, Suicidal Tendencies e Prong, que era o que ouvíamos na época. Outra boa intenção que tínhamos na época era a de beber que nem um porco na Pepis e tocar o horror na cidade usando uma Caravan ano 78! Quando mudamos para T-Zero, nos desprendemos de certas concepções e começamos a enxergar o que realmente éramos. Simplesmente tornamos o som objetivo e adquirimos novas influências, achando nossa identidade. Mas hoje ainda bebemos que nem uns porcos, mas não tanto como antes, já que tem nego namorando e casado na banda!

E como foi aquele período entre 1998 e 1999, quando o “Ninguém Presta” foi lançado?

O “Ninguém Presta” não foi lançado em 98 ou 99, foi lançado no final de 2000, sendo que foi gravado e mixado entre 99 e começo de 2000. Na ocasião de lançamento tivemos um bom apoio da gravadora, que bancou dois clipes caros. Aliás, gravar o clipe de “Ninguém Presta” foi uma puta curtição, tivemos um aparato bem legal. Também tivemos exposição nas rádios rock da época, fizemos até um ao vivo na Brasil 2000, dividindo o estúdio com O’Rappa. Mas a Indie, apesar de toda minha gratidão, era uma gravadora que não entendia do som que fazíamos e não teve sabedoria e nem paciência pra fazer as coisas da melhor maneira. Por outro lado, éramos moleques e inconseqüentes, e isso deve ter atrasado o lado de alguma maneira. No geral, foi ótimo, pois temos um puta disco gravado, que até hoje figura na lista dos “10 mais” de muitos artistas respeitados no mainstream.

Vocês foram descobertos pelo Andreas Kisser, abriram o show do Sepultura da apresentação do Derrick Green no Brasil, foram contratados por uma gravadora (Indie Records) e tiveram um disco lançado. Isso é aquela tal “Grande Oportunidade de Sucesso” que toda banda espera ter. Depois de tudo isso a banda deu uma parada nesse “crescimento meteórico”, vocês têm o sentimento de que deixaram essa tal ‘grande oportunidade’ escapar?

“Grande Oportunidade de Sucesso” parece nome de livro pra vendedor, rapaz!!! Cara, “grande oportunidade escapar”??? Tá de brincadeira, né??? Velho, pensa comigo: a gente é uma banda de rock pesado do interior de São Paulo, que conseguiu com apenas uma demo tape de 3 musicas abrir show pro Sepultura no Anhembi, chamar a atenção do produtor do Paralamas, Charlie Brown Jr. e Ira, gravar um disco com este produtor, por uma gravadora, na época em que gravadoras faziam sentido, com os melhores recursos e nos melhores estúdios! Nesse processo conhecemos desde o próprio Sepultura, até o pessoal do Planet Hemp, Nação Zumbi, Ira, Charlie Brown Jr., Titãs, Rappa, Raimundos e todas as grandes bandas dos anos 90. Tocamos com algumas delas, lançamos um CD com participação de Andréas Kisser, João Gordo e Pavilhão 9, tivemos dois videoclipes dirigidos por Beto Brandt, um deles veiculado por algum tempo na TV Cultura, onde participamos do Musikaos, e na MTV, onde fizemos três programas com o João Gordo, inclusive tocando ao vivo, participamos com destaque na trilha sonora de um longa de sucesso (N. do R.: “O Invasor”), pelo qual ganhamos prêmio de melhor trilha sonora no Festival de Cinema de Brasília. Realizamos uma turnê para promoção do filme junto o Sabotage e Pavilhão 9. Em 2003 abrimos um show do Sepultura no Olímpia, em São Paulo, realizando um sonho de moleque que era tocar naquele lugar. Fizemos turnês patrocinadas pela Vans e AVB Brasil! Tocamos juntos com o Billie Graziadei, do Biohazad, e recentemente fomos convidados pelo Chorão, do Charlie Brown Jr., para atuar no seu filme “O Magnata”, onde temos uma cena tocando ao lado do Tiririca. Não sei se dá pra perceber, mas todas as oportunidades que tivemos foram aproveitadas! Estão aí na nossa história e sou da opinião que muito mais pode rolar. Não estamos ricos ainda? Não andamos de Ferrari? Não tamo comendo atriz da Malhação? Bom, se esse é o tipo de “grande chance” que você se referiu, não estamos mesmo! Mas acho que nosso comportamento ‘Fuck Off’ pode ser um pouco da razão.

2 comentários:

  1. É isso aí molecada! Toda essa história é "o sucesso"! Bacana ter podido (eu disse, podido)acompanhar parte dela (menos da putada na Caravan 78, infelismente)...
    Parabéns ao povo do blogue pela iniciativa. Tem muita coisa cabulosa pra ser desenterrada da cena rock indaiatubana 90's. Contem comigo!
    Abraço e happy rock day for all!

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  2. [red]!NÃO PERCAM !
    SHOW DA HEAVY DANGER!
    DIA 8/07 SÁBADO!
    GRATUITO
    !COBERTURA DA TVA GAMA!
    LOCAL: POSTO BATHONI/CENTRO
    ELIAS FAUSTO
    HORÁRIO: APARTIR DAS 21HS

    Heavy Danger na tv gama
    http://www.gamaradiotv.com.br/saiba%5Bgama_noticias%5D.htm

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